Gilmar Pereira Lima
Cândido Sales / BA

 

 

Marcas

 

O tempo fez marcas profundas em minh’alma –
Diz o poeta num versar comovido –
Também não sou o único a queixar dessa inevitável fúria.

As rosas, aquelas próximas das janelas
No jardim do velho sobrado,
Rodeadas de pétalas
C
A
Í
D
A
S
Sob o dourado da aurora enternecida, também acenam:
- O tempo fez marcas profundas em minh’alma.

Mais ao Sul, não muito distante,
Diante da carícia fria do inverno,
A graúna pipia num tom solene e angustiante:
- O tempo fez marcas profundas em minh’alma.

E ao longo da existência tem sido assim —
Em um canto lamenta um, mais adiante chora outro:
- O tempo fez marcas profundas em minh’alma.

E enquanto os seres protestam sobre as marcas do tempo,
Este em seu recanto, retorcendo suas linhas,
Bordando novos destinos, consigo responde:
- Marcas mais profundas suas vidas fazem em mim,
constantemente.

 

 
 
Poema publicado no livro "100 Grandes Poetas Modernos" - Edição Especial - Julho de 2017