Lourival da Silva Lopes
União / PI

 

Da selva sou lobo

 

Eu me pergunto sempre,
Falo comigo mesmo,
Me dou satisfação,
Mas me exijo também,
Exijo que me respeito,
Não me dou por vencido
E cismo de andar sozinho.
Quero velar belezas,
Andar feito lobo,
Aliás sou lobo da selva,
O meu nome já diz.
Nasci nas entranhas
Do barro e da mata,
Sou garça, socó, jaçanã,
Sou cobra gigante
Que açoita os bichos
Na beira da lagoa.
Sou vivente, sou crente
De nunca chegar
Depois da hora marcada,
Porque na vida leva a pior
Quem mais leva porrada.
Sou cancela de estrada,
Porteira de todo lado,
Entrada de toda banda,
Saída de toda sombra.
Sou madeira que não verga,
Sela sem estribo,
Nó que não desata.
Sou a náusea
E você me entende.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "100 Grandes Poetas Modernos" - Edição Especial - Julho de 2017