João Paulo Hergesel
Alumínio / SP

 

 

Pocotó, pocotó

 

Se o cavalo falasse português,
será que alguma vez reclamaria
da ousadia do jóquei que desfez
de sua rapidez na correria?

E se revoltaria da altivez
em chicotar-lhe a tez dia após dia
para, com rebeldia descortês,
privar-lhe da (honradez!) cavalaria?

Ou se tornaria um cavalo mudo?
Crina baixa, aceitando, quieto, tudo,
como a população malgovernada?

É bem capaz que não fizesse nada!
Continuasse a equina e constrangida
vidinha de um cavalo de corrida.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Anuário da Nova Poesia Brasileira"- Edição Especial - Maio de 2017