Zulmar Tamburu
São Paulo / SP

 

 

Sinto um vazio

 

A cada término de um texto
Sinto um vazio tomar conta do peito
Sinto-me uma ostra esquecida no mar
Sinto uma chuva fina sobre mim
Lavando a minha alma sem parar
Vou à procura de uma centelha sem encontrar
Suspiro fundo e nesse último suspirar
Seguro a pena firme e um papel amarrotado
Depois da ansiedade vêm a calmaria
E nesse puro momento fico abobado
Uma linda borboleta pousa sobre meu corpo
E um aroma exala pelo ambiente
Aos poucos a inspiração se renova
Um silêncio profundo paira nesse instante
E sobre o papel a pena vai deslizando
Aí, não mais a mim pertenço
Pois o poeta toma conta do meu ser
A criação sempre habitará seu coração
Sabe que se não encontrar palavras rimadas
Sem as letras estará fadado a fenecer
Assim como morremos pela falta do ar
O poeta precisa somente criar
Para seu coração aquietar.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Anuário da Nova Poesia Brasileira"- Edição Especial - Maio de 2017