André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Sou pedaço do "sem fim"


Sou!  E o que sou realmente?
Eu, tu, ele?  Pedacinhos de nós...?
Esculpidos por vós... Ou dos distantes eles...?
Segredos (d)eles...
Sou o que sou presente
Eu! Um pronome reto
Não tenho todos os dentes
Sou, portanto incompleto...
Mas, inda me restam dois sisos.
Por isso me sinto indeciso
Na boca e dentro da mente...
Sou o que sou temente
Pedaços de mim obscuros
Daquilo que não se pressente
Que ficam por trás de um muro...
Na expectativa olham e sentem
Dos impossíveis "eus" futuros...
Sou!  Sou o que sou um ser instinto?
Venho de outrora da saudade
Do extinto vou para o que sinto
Da intuição à liberdade...
Sou!  Sou o que sou no transitório
Eu, tu e ele, nós em mim...
Eu sou de vós contraditório
Para eles, sou eu, um sanatório,
Pronome "intransferível", sim!
Pessoal e reto com endereço
E sou imortal que tem começo...
Eu sou pedaço d'um Jardim:
Sem um início, e sem ter fim!

 

 
 
Poema publicado no livro "Anuário da Nova Poesia Brasileira"- Edição Especial - Maio de 2017