Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 100 - Maio de 2013


EDIÇÃO
HISTÓRICA


 


José Faria Nunes
Caçu / GO

De sonhos e caminhadas

De migalhas de amor costurei sonhos, sonhos
nada de consistência bastante de me mostrar
a estrada por onde caminhar dia após dia
de meu amanhã sem fim. Aquela manhã
revelou-se na senha que me abrisse o horizonte,
porém os sonhos teus revelaram-se diferentes,
maiores que os meus. Eu a buscar meu alfa, e tu,
beta, ômega ou ambos. Pouco mais foi meu alfa
que a tênue tessitura de uma teia entrelaçada
de fio a fio. E em cada fio um sonho, um lar,
Um trabalho, uma família de sonhos costurados
como a teia da aranha operária, despida de maiores
pretensões além da vida, vida sem faustos, sem pompas,
mas rica o bastante de sonhos. Sonhos de vida.
Teus sonhos, beta e ômega, revelaram-se maiores
e diferentes a não bastar os limites singulares
de teu eu. Buscavas o poder do príncipe de Maquiavel,
enquanto a mim me bastavam os tênues limites
de minha província. Província de labor, de poesia
e prole a perpetuar a vida. Limites pouco maiores
que os da criança que fui, porém maior em sonhos
de felicidade, sonhos que se foram sem ter sido. Ainda
que a ti oferecesse minhas manhãs, minhas tardes e noites,
tudo foi pouco para alimentar a sanha voraz da sede
de poder de teus sonhos pouco reais pelo muito
das pretensões de autonomia e poder. De poder
o poder se faz, poder autofágico a exaurir-se enquanto
a felicidade se tece no simples ato de sonhar sonhos
possíveis de se transluzirem, de engravidarem-se de amor.

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