Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 102- Julho de 2013



 


Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Ainda não estás nua!

 

Tu és dádiva, deusa generosa
Árvore frondosa onde preparei o ninho da minha família
Mata virgem onde abrigo meus sonhos no final da trilha
Floresta densa enredada em cipós na proteção do meu reinado
Tens tantos poderes, tantos recursos, tantos segredos guardados
Infelizmente à mercê de inconsequentes bandidos criminosos
Impunes sem noção do que fazem, enriquecem e se tornam poderosos
Goteja a seiva avermelhada ou leitosa como prova de crimes de toda sorte
Morrem flora e fauna e o planeta azul passa a ter a cor da morte
Salvar-te é salvar a mim, se tu morreres morrerão meus rebentos
E o meu fim voará junto com o meu teto faminto, sedento
É em todas as fêmeas que germina a vida
Que gera florestas e famílias, não podem ser destruídas
Sou mulher, sou brasileira, sou corredeira, sou água pura
Como mulher grito, como brasileira suplico, como corredeira choro
Como água pura sem vegetação ciliar com risco de secar, imploro
Sou Amazônia, sou rios cristalinos, sou indígena, sou arara bela
Sou Pátria amada, sou céu estrelado, sou verde amarela
Sou pássaro, sou canto do sabiá, sou orquídea em flor
Sou nacional, sou futuro, és mãe terra, sou tua filha num parto de dor
Proteção ao planeta, às mulheres, às florestas e a toda natureza
Para no futuro continuar espelhando tua grandeza
Acorda povo! Desperta gigante!
Não te entregues a falsos amantes
Não te iludas com grandes promessas
Luta pelo que é teu, ecoa teu lamento, dá-te pressa
Expulsa os destruidores do teu berço esplêndido no quarto da lua
Ainda tens dois terços, protege teu ventre, ainda não estás nua!



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