Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 105 - Outubro de 2013

Jorge Braga da Silva
Peruíbe / SP

Democracia da chuva

Dia desses, quando a chuva choveu,
E até meus ossos ela tudo umedeceu,
No chão, o verme lutava quase que se afogando,
Ele e eu, o frio, e a chuva nos molhando.

Eu pensei: “Isto sim que é democracia!”.
A democracia d’uma chuva que chovia.
O verme e eu, pra chuva que caia, somos seres iguais:
Dois exemplares ensopados do reino dos animais.

O verme túrgido d´água daquela chuva fria,
Já se via fatal vítima de aguda pneumonia.
E eu ali viajando pensando na democracia,
Pro meu amigo verme torcia todo cheio de empatia.

E chovia a chuva com todo seu direito,
Quando a roda de um carro sem respeito,
Esmaga na chuva meu solidário companheiro,
Dá-me banho d’água suja aquele motorista grosseiro

Parece que o banho frio me deu um estalo mental:
A democracia da chuva seria mesmo um fato real?
Mais apto do que o verme, das águas a fúria supero,
Pois refaço de aço e concreto a Natureza como quero.

Nada na Natureza permanece mais que a mudança, a mutação.
O vento vira furacão, a água inundação e o vulcão vira erupção.
Para o forte e para o fraco, tanto faz, o Sol nasce e se põe.
Não é democracia, é a lei natural que a Natureza nos impõe.

 
Prestigie o novo
Autor Brasileiro!!!
 
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