Antologia
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Romilton
Batista de Oliveira
Itabuna / BA
A rosa de Angola
Pensem nas crianças mudas, invisíveis
Pensem nas mulheres amedrontadas, perdidas
Pensem nos idosos sem forças, maltratados
Pensem no desespero que atingiu a todo negro
Como escape de vida fugidia
Pensem nas feridas da história sangrada
Mas, oh, não se esqueçam dos corpos que o silêncio
sepultou
Nem do tempo que espalhou corpos e bombas como flores sem cheiro
e cor
Adentradas nas entranhas da terra que lutava por libertação
Pensem na terra suspirando dor em seu ventre
Pensem nos sonhos que não foram sonhados
Pensem nas vidas que não foram vividas
Nas vozes que não foram ouvidas
No grito de dor
Pensem nos acordos que fizeram dormir almas inocentes
Como águas vermelhas derramadas na terra em destruição
Mas, oh, não se esqueçam da rosa branca
Malvada, estúpida e insana
Que tirou de cena crianças, velhos, línguas, culturas...
Que não puderam enterrar os corpos como manda a tradição
Que enfeitiçaram o coração de homens pela
espada de uma doente razão
Pensem! Pensem! Pensem!
A dor deste holocausto negro
É a dor de uma humanidade perdida
As rosas adormeceram em suas dores sem cores
Mas não podem ser silenciadas nem tampouco esquecidas.
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