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Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Dessuetude

Não me acostumo a viver
Sem ter você ao meu lado
Sem sentir seu calor apaixonado
É sede sem água para beber
É frio úmido de amor a congelar
Assistindo o dia passar apagado
O tempo preguiçoso parado
Olhando sem querer olhar
Ficar fingindo que estou feliz
Que a vida mudou para melhor
Que estou livre, que sou maior
Que arranquei o mal pela raiz
Mentira, grande e triste mentira
Cansaço de beliscar a felicidade
Ficar desculpando a saudade
Noite e dia com você na minha mira
Quero abrir o baú sem chorar
Rasgar tudo do começo ao fim
Picar, queimar a dor dentro de mim
Fazer cinza do passado, fogueirar
Abrir janelas para a fumaça sair
Limpar seu cheiro seu grude
Entregar nosso amor à dessuetude
E rezar, implorar para eu resistir

 

   
Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 110 - Março de 2014