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Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Mulher acessório

As mulheres são vistas como acessório
Acessório de muitos usos e abusos
Não vivem no paraíso, vivem no purgatório
Tem mulher de todas as formas até de parafuso
Que se enrosca, apertada segura todas as pontas
Mulher que serve de cabide onde se pendura tudo
Qualquer peça, qualquer entulho, nada se leva em conta
Mulher que cresce num mundo exigente e mudo
Que assiste a fêmea lutando para conseguir um lugar
Dominada pelo forte macho, desde o início dos tempos
Era queimada em fogueiras se deixasse revelar
Inteligência e como bruxa evaporava em cinzas ao vento
Ela vem conquistando espaço desde os primórdios
Sem perder a capacidade de se amar, amar e deixar-se amar
Vem chegando dia a dia sem toques de exórdios
A mulher de hoje tem os mesmos sentimentos de outras eras
A maternidade não acontece é um ato de escolha
A Liberdade e o respeito já não são só sonhos e quimeras
Não se deixe levar e se enganar, saia da angustiante bolha
Um dia para homenagear a mulher como deusa rainha
Somente um dia para tirá-la da berlinda sem pelourinho
Tirá-la da estante dos objetos dos desejos e da bainha
É conquista de passadas firmes raladas na mó do moinho
Menina mulher o mundo é teu, continua no caminho das avós
Solta as amarras, luta, resista, pelas tuas filhas solte o grito da garganta
Erga a bandeira da valorização alargando as trilhas, desfazendo nós
Em nome das martirizadas, das surradas, das sugadas e das santas!


   
Conto publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 111 - Abril de 2014