Rubercil da Silva Ribeiro
Volta Redonda / RJ

Águas de março

É outono.
Veio a chuva.
Torrente, despótica, atroz.
E no enxurro se foi,
Toda tralha, todo sonho, todo riso.
Só Maria ficou,
Sem arrimo, sem consolo, sem eira.

Levanta Maria,
Purga teu lodo,
Enxota teu choro,
Não há lisonja nessa vida de infortúnios.

Porque não foges Maria?
Porque teimas em ficar?
Se fadada está a esse afogo
Desde o dia que nasceste.

Decerto,
No outono que vem outra chuva virá.
Torrente, despótica, atroz.
E no ermo outra vez estará,
Sem arrimo, sem consolo, sem eira.
O enxurro novamente levará
Toda tralha, todo sonho, todo riso.

E... Nas lamosas águas de março
... Quiçá Maria.