Ismar Carpenter Becker
Rio de Janeiro / RJ

Perdas cotidianas

Perdas da infância, um brinquedo que se quebrou
E o choro copioso se fez
Na adolescência a perda do primeiro amor
Já na fase adulta perdas mais doloridas
As perdas dos pais e amigos
Que se despediram num breve até logo
Pois logo voltarão em outros corpos num processo igual a fênix
Perdas diárias morrendo a cada dia um pouquinho
O prazo de validade chegando
A reciclagem da vida
Levar um tombo
Levantar e sacudir a poeira
Voltar à vida que segue
Marcando nas folhas de um diário o passado
Que virou mais uma história
Perdas materiais
Perdas espirituais, a perca da fé
E assim se navega neste grande
Oceano entre ondas e monstros que aterrorizam
Marujos experientes que avistam sereias que emergem das profundezas
As quais serão tragadas para as regiões abissais do desejo
Pois as perdas são a nossa única certeza a cada segundo.