Renato Lacerda Isquierdo
Guaíba / RS

Bichinho verde

O que é aquele bichinho verde
Ali em cima do muro?
É uma lagarta tomando banho de sol.
Escandalosa ela, não!
Não caminha, rasteja.
Quer chamar a atenção de todo mundo.
De barriga cheia, rola no chão.
Ri do homem que está de cabeça cheia
E barriga vazia.
Ali, sentado,
Perdido em coisas de gente.
A lagarta se alarga bem,
Rouba o espaço de outros insetos,
Come as folhas que o homem planta
E se deita na grama
Dona de si e de seu mundo verde.
A lagarta vive bem,
Enquanto o homem vive preocupado.
Ali sentado no banco.
“Coisas de gente!”
A lagarta diria se soubesse falar.
Mas a vida, às vezes, é ingrata
E, numa dessas, um pé descuidado
Esmagou a lagarta.
Se a lagarta estivesse viva agora,
Veria o banco vazio
E sobre ela o homem
Que finalmente tomara alguma decisão.