Luiz Eduardo Martins de Oliveira
Rio de Janeiro / RJ

O beletrista

Quão fabulosa é, Senhor, a fidalga Ciência
que o mundo resguarda a seu jeito e talante.
Mas desvalida e trânsfuga é a consciência
de quem menoscaba e faz do homem errante.

Quanto saber e avanço, porém tão desumano
se ainda se sofre e morre-se de cândidas chagas.
O benfazer se apavora e se indaga se há engano
ao só expiar em se viver cá nessas plagas.

Só a quem se perde na cruz, dita, loucura
suporta o deslustre e o sabor do azedume
e trava, dignamente, o bom combate e com nume.

É-lhe um acúleo a improbidade à sua lisura,
transmutar o breu em albor e em ocaso
e dentro do opróbrio manter-se um parnaso.