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Sandra Berg
Belém / PA

 

Poema para um sonhador

 

Lembra que eu te preveni que a água ia ficar escassa,
Imaginei que os carros do futuro voariam
Acima do trânsito conturbado,
Que, mais coisa alguma nos surpreenderia.
Eu te falei que o tempo das nossas façanhas
Iria poder ser guardado num dispositivo menor
Que uma cabeça de alfinete?.
Há quanto tempo eu vinha te advertindo sobre coisas
Que ainda nem no cinema haviam sido sonhadas?
Eu vivia filosofando a céu aberto,
Sempre fui um sonhador incorrigível,
Nunca desprezei a modernidade
Mas, não pensei que doía não ver os vagalumes
Piscando suas lanterninhas azuis
Pelos saguões dos vilarejos,
E que a claridade do neon tão bela trouxesse com ela
Um poema de versos brancos rasos e sem tempo
Do poeta em agonia.
A poesia se basta a cada época,
Mesmo, que o poema recaia na contra poesia,
De um enorme contratempo.
Cinzas de luas caem
Sobre as urnas do esquecimento
Onde trancafiaram os corpos incandescentes
Dos vagalumes,
Deixando uma saudade sozinha
Em meu coração

 

(A meu pai Etelbergue Filho in memória)

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 140 - Setembro de 2016