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Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

Cemitério da humanidade perdida

 

Becos, esquinas, bares, ruelas, sentinelas
Casarões, cristais, jardinais, coloniais…
Menestréis, telejornais, sonhos, janelas
Sons, cores, espaços, vazios, imperiais…
Palavras ditas com outros ditos
Homens lidos por outros lidos
Letras atlânticas, sangues corridos
Histórias moídas com mãos de homens de ferro
Que atravessaram o oceano da dor e de terror
E construíram impérios para um outro povo habitar...

Terra lusa que invadiu os mares
Onde estou em seus tecidos fios a recitar
Vendo com os meus olhos de poeta de longe
Seus fartos sons, formas, cantos e construções…

E, de repente, perceber tão intensamente que a vítima não existe mais,
Cada lugar hoje carrega em si a marca do outro que por aqui passou
E deixou para sempre em suas paredes de explosivas histórias
Lembranças feitas de um som indescritível
Enclausuradas em signos que desgarram de um movente entre-lugar
Armando neste contexto de passagem ibérica
Fazendo nascer um novo encanto
Que dá ao mundo um novo sentido de ser
Ser lusitano de lusas formas desbravadoras formadas por longas batalhas
Que o mundo viu anunciar…
E o mar guarda dentro de si histórias que jamais serão contadas…
Mar salgado português, cemitério da humanidade perdida.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 141 - Outubro de 2016