Roberto Antonio Deitos
Cascavel / PR

 

 

Rastros do tempo negado

 

Não penso na consciência
O meu corpo sigo como silêncio
Vegeto na penumbra espedaçada
Para si entoo cantos perdidos
Em si longínquos prantos derramados
De si me afasto fado entranhas
Defendo a si mesmo nu vestido
Vida despedaçada lateja ferida.

Cogito o silêncio na dura caminhada
Vejo os passos seguidos no trajeto perseguido
Canto sem palavras que vejo sem visão
Manifesto sem fala comer sem digestão
Abraço sem corpo exalo sem cheiro
Perfumo sem flor perdido no vento.

Fel na boca amargo penúria
Pena da loucura choro adulto
Perverso verso na estatura da ditadura
Ser pedaços pescoços decapitados
Desumanidade reinados reinos desabrigados
Mortos vivos sentimento petrificado
Gosto do desgosto morre a ditadura
Sem ditador deposto o lastro rastro do tempo
Rasteja no caminho da democracia penada
Mutilação vida negada no tempo
Sonhar vida que passeia remar remo
Vida digna injustiça não tolera nem estilhaçada!

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 146 - Fevereiro de 2017