Eloá de Azevedo Caixeta Murucci
São Paulo / SP

 

 

Para sempre minha

 

Por que me olhas assim?
Já sabes que te quero
Não me olhes como se não soubesses
Não finjas espanto enquanto te observo
Tu conheces o meu querer
O meu gostar
Já te disse diversas vezes nas cartas
Nos inúmeros poemas destinados a ti
Tu bem sabes o que teu encanto fez sobre mim
Tu me enfeitiçastes
Estás presente nas estórias que conto
Nos versos que faço
Em todas tu estás vestida de nuvem
Tão longe que não posso tocar-te
Tu se desfazes como queres
Mesmo que escapes
És prisioneira nas minhas linhas
E te moves conforme a mão que conduz a pena na folha amarela
Não me olhes assim
Tu bem sabes do meu querer
E eu bem sei que tu não me queres
Mas eu posso te ter nas entrelinhas de um conto qualquer
Em um poema triste
No verso saudoso
Mesmo que tu não me queiras nesse mundo
No final da prosa tu és sempre minha

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 147 - Abril de 2017