Heitor Baldo
Amparo / SP

 

Olhares apagados

 

 

Olhares opacos
É tudo que consigo enxergar
Nos frígidos e indistintos semblantes
Com os quais colido meu olhar sobressaltado

Onde está a luz que vinha de dentro?
Onde está toda a transparência?

Espíritos apagados

O quanto você é transparente?
Desassombrado de mentiras e pensamentos soturnos?
Espírito cândido?
Puro, singelo, sincero e transparente?
Limpo e verdadeiro?

O desabrochar sincero da luz no olhar
Apenas é possível em almas transparentes
Todavia é complexo e laborioso
E paga-se um altíssimo preço
Para obter-se a transparência
Estando imerso no convívio fortuito e emporcalhado
Com pessoas casuais desta sociedade
Decaída.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 147 - Abril de 2017