Raimundo Senzala
Aracaju / SE

 

 

Cântaros cantantes

 

Foi assim, um dia de sol escarlate
Tu surgiste como herói no meu jardim
Impactuado, achei que perdi a voz.
Por muito tempo estive ofegante
E, em passos trôpegos procurei seguir-te...
Tu andavas com a altivez de um nobre Beduíno
Nos desertos aflitos do meu coração.
A brisa atmosférica em minha direção
Soprava o ar esplendoroso de teu suor
Que mais parecia um perfume sedutor.
Quando em paralelo de ti me aproximei
Me encantei  e aos teus pés me atirei.
Teus olhos luziam a cor do tempo
Daquele tempo de outrora dum outro porvir,
Andei cambaleante...
Descerrando tapetes persas para tu pisares.
Docemente, serenamente quis ouvir a tua voz
Estremeci! Sinceramente, de alegria e prazer.
O sol foi por nós brilhante e constante
Convidando a lua para nos enluarar,
A chuva choveu cântaros cantantes
Enquanto o mundo sorria para entender
Porque a Terra ficou mais bela
E a natureza com nobreza mais singela
E, à noite cintilavam estrelas com efusivo esplendor
Por mais uma história de... e que história.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 148 - Maio de 2017