Abraão Leite Sampaio
Governador Valadares / MG

 

 

João Cabral de Melo Neto

“O arquiteto da poesia”

 

A genética literária... não se soltou
Do corpo deste insubstituível nordestino...
Um ponto indelével profetizava seu destino
Era primo de Gilberto Freire nossa perola da sociologia
E de Manuel Bandeira... o diamante lapidado de nossa poesia

Diplomata... esta foi sua profissão certificada
Mas... a diplomacia “caminhava em paralelo”
Com sua outra grande predileção
A arte de escrever estava arraigada em sua mente e coração
 
O destino lhe impôs esta “encruzilhada”
Fazendo com que a ciência das relações tornara-se “coadjuvante”
Ao “confrontar-se” com sua outra amada

Estava seguro que teria que se desdobrar...
Para “caminhar sobre os dois trilhos” no qual se encontrava
 Seus sentimentos impunham com clareza
Que era com a literatura que sua alma “sertaneja” flertava

Deste ‘flerte’ brotou uma comunhão permanente
Com “nascimentos” de obras requintadas
O poeta tinha a essência da erudição
Seu precioso predicado o posicionava a “espaço” limitado
As camadas populares não se afeiçoavam a João

Mas a dificuldade em “soprar” aos ventos
Sua diferenciada poesia...
Fez com que o “engenheiro” das letras
Desse uma guinada... evidenciando incrível habilidade
Ao buscar despretensiosa popularidade

Este seu comportamento trouxe à literatura
O retrato do sertanejo... e sua vida dura
O tema... o tema veio da dor e da miséria nordestina
E a “pedra preciosa” tem como titulo
“Morte e Vida Severina”.   
   

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 153 - Outubro de 2017