Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Soltar a língua contida

 

 

Quero ir àquele lugar fora do mundo
Que ninguém conhece nem eu
Onde ninguém classifica como seu
Desenhar o impossível na tela de fundo
Escorregar pelas costas proibidas
Abrir picadas com pés descalços
E calçar a estrada com adjetivos falsos
Deixar o verbo soltar a língua contida
Acordar os sonhos e pesadelos indefinidos
Beber na fonte dos pensamentos abstratos
E chegar à região da alegria sem contrato
Onde nascem risos e gargalhadas sem sentido
Trazer sementes em orações insanas e descabidas
E deixá-las crescerem insubordinadas nos jardins da vida

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 156 - Janeiro de 2018