Aliomar Costa
São Paulo / SP

 

 

Baratinho das baratinhas

 

Nossa, estou chocada, enlutada,
Nada entendi, pouco sei,
Como assim? - Vide vida malvada,
Quase por um instante chorei.

Lágrimas sem esperanças,
Mesquinharias em cascatas,
Sovinice até pras crianças,
O que me importam tantas desgraças?

É tudo baratinho
Numa sociedade de baratinhas,
Faz na sua bolsa um ninho,
Pra no futuro ter traças e mais moedinhas.

Fácil criticar, difícil fazer,
Sei que lhe falta coragem,
Talvez seja moleza enxergar sem ver,
Mas ter sensibilidade humana é outra carruagem.

Melhor seria abrir seu coração,
Não se importando com valores,
Quem sabe sua suposta compaixão,
Não venha lhe trazer um mar de dores.

Vivo fora da realidade,
Meu mundo é outro mundo,
Por isso essa minha banalidade,
Em achar o barato um lixo sem fundo.

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 181 - Março de 2020