Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

Amor coletivo - Milagre da esperança

 

Armas, balas, munições, ataques, desaparecimentos, dores em declinações…
Versos caídos, sonhos interrompidos, violência acionada…
Golpes disfarçados, discursos amedrontados, laços desfeitos…
Vidas expostas na nova forma colonial de ser humano num país golpeado
Na sua democrática expressão de liberdade, igualdade e fraternidade!
O povo se divide por meio de ideologias, maléficos discursos
O mito se desfaz, a alma se contrai, e a multidão avassaladoramente
Perturbada avança na direção do retrocesso histórico…
A arma que aponta é a arma que habita em nós…
A bala que sai da arma é impulsionada por um ódio sem explicação…
A munição expõe o último grau de uma sociedade fadada ao fracasso…
Falta em nós a arma do amor, as balas da esperança e a munição espiritual
Sem esses “alimentos” depressa a sociedade se deprime,
E o opressor ganha força em seu discurso inoperante…
A música toca, o vírus avança, e o homem não percebe
Que algo está prestes a acontecer!
Apocalipse discursivo, alma esfacelada, pobres seres deteriorados
Lixo importado, signo inabitável, violência veloz que atinge a todos nós!
Uma mulher cai sobre o chão de uma cidade sem amabilidade
Vozes se levantam e ao Criador evocamos com a incansável fé
Que nos faz ver na estrada da vida o esbanjamento daquilo que chamamos
Amor coletivo… Amor que toca o ouvido do Ouvidor-Maior
E novamente encontramos a saída para o desastre que é a vida
Pela fé, somente pela fé, cativada pelo imaginário infinito
Declaro que a mulher que cai há de se levantar para discursar
Que Deus é fiel no púlpito do sagrado chão
Na presença deste escrevente que declara seu fraterno amor
Por sua amada irmã, potencialmente protegida e curada por Elshaday!


(Homenagem a minha irmã Rozilene de Oliveira Leitão)

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 183 - Maio de 2020