Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

E se o galo não cantar!?...

 


Devoradora morte
Espiã cruel, presente em todos os cantos
Do vasto mundo de multidões…
Seu cântico é feito de dor, pânico e imaginação
És a maior das realidades que nos devora a todo instante…
Ameaçadoramente vive a viajar e a espreitar
Com seus fios discursivos a potência da vida impotente
Que dá a todo ser o que a nenhum é dado:
Saber que um dia cada um partirá
E será por ela abraçado!

Devoradora morte
Espiã diuturna o enigma dos eternos dias da vida passageira,
Mantém em si o cordão umbilical
Que dá à vida a plena vontade de ser vivida
E se contenta com o esperar do dia em que o ar deixará de habitar
O corpo de quem vive carregado com o eterno desejo
De nunca morrer, e de que alguma coisa acontecerá, talvez,
Num lance poeticamente emblemático onde o corpo
Há de vencer a horrenda e jovem velhice da morte anunciada
Pelo cantar do galo em sua terceira tentativa!

E se este não cantar em sua terceira tentativa,
A vida perderá a vitória sobre a morte,
Entregue aos versos deste crente escrevente
Que somente escreve porque sabe dar ouvido
À suave voz que vem de seu inquieto mundo interior…

(De Romilton para Romadel)

 

 

 

 

 

Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 185- Agosto de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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