Rayssa Castelo Branco da Silva
Rio Branco / AC

 

 

Asas em chamas

 


Nas entranhas verdejantes da floresta
O nobre canto do uirapuru ecoava,
Porém, a melodia era amarga e funesta
Diante da tragédia que se engendrava.

O pássaro, chamuscado, ao cantar, protesta
Ao ver a mata arder em labareda brava,
Os bichos a correr pela terra que resta
Agora posse do homem, que a fará escrava.

Esmorece o deslumbre verde de outrora,
As frondosas figueiras as brasas consomem
E o povo nativo grita aos céus e chora.

As auroras límpidas do céu anil somem
E a fumaça desalenta o uirapuru nesta hora,
Que desfalece, para o triunfo do homem.

 

 



Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 190
Novembro de 2020

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