Marco
Hruschka
Maringá
/ PR
Ampulheta-em-gula
Eis o monstro
que vem de lá pra cá todo faminto, cheio de si
mesmo
Cheio de nós, invisível, irredutível, infalível,
repleto de rápida ira
Ponteiros alegóricos, números carnívoros,
dum silêncio mortal
O tempo transfigura-se o tempo todo, e o futuro já é
agora
E agora? O agora esvai-se! O contrário do eco que resta
Enquanto estás, és engolido sutilmente, não
há chaga
Aparente, mas os sinais são inegáveis, o espelho
é
Fiel e não mente: és tu, devorado, não
mais flor
Desabrochada, mas o acúmulo experimentado
E agora inutilizado, disfarce de ser humano
Cobaia intrínseca e desavisada, pois saiba
Que o fim se aproxima e de si não passa
A morte, estação derradeira; não há
Nada depois dela e da madeira, eis
A morada dos mortais, criaturas
Já moribundas no nascimento
Dizem que Deus é o tempo
Tirano do falso - arbítrio
A areia escorre ligeira
O sino toca alto e só
Já não posso mais
O que temos?
Segundos
Nada
Pó