Rozelene
Furtado de Lima
Teresópolis
/ RJ
A
borboleta e as sapatilhas de ponta
Sopra
o vento com força e é do casulo libertada.
Toca a música e as sapatilhas já estão
calçadas.
As asas estão novas ainda muito amassadas,
Os pés estão comprimidos nas sapatilhas apertadas.
A música da natureza continua sem parar,
O ensaio com os pezinhos doídos a bailar.
É muito difícil aprender esticar as asas e voar,
Difícil demais encima dos dedinhos dançar.
Insiste num esforço, quer desistir, não leva jeito...
Parece que nunca vai conseguir voar direito.
Cai uma lágrima e sente falta dos brinquedos,
Vontade e desejo esticam as asas e os dedos...
Asas estão a despontar no mais belo colorido,
Dedinhos cheios de bolhas, muito doloridos.
Ensaia as asas ainda úmidas e inseguras,
Com a face molhada sobe trêmula na ponta dura.
O palco se abre e a orquestra natural ao entardecer,
Afinada toca a mais linda sonata para o pas-de-deux.
Desfila voando com as coloridas asas divinas,
Num salto de ponta entra a mais bela bailarina!
Ao maravilhoso espetáculo aplaude a platéia!
É a mais emocionante e singular epopéia,
Nunca se viu um balé de tamanha monta...
Bailarina com asas nas sapatilhas de ponta!