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Jadson Simões
Aracaju / SE

 

 

A carne crua

Tô ligado, tô ligado brother!
Estamos viciados nos modismos
Tantos ismos na TV, chamam de globalização...
“Socializaram” as dores diárias das favelas,
Porque as manchetes correm o mundo,
Afinal dão IBOPE.
Dá ibope uma bala perdida,
Que encontra uma cabeça cheia de sonhos;
“socializaram” as dores diárias das favelas
Sem dar o básico dos direitos constitucionais.
Não escutaram as lamúrias do samba
No bater da caixa de fósforo dentro do trem das onze.
Não pense que o barracão de zinco, brother,
Esconde só marginais...
Lá, tá ligado, pode ter um craque da bola,
Jogando sonhos pelas frestas de tábuas
E papelões;
lá todo dia se faz um gol de placa
No Maracanã da vida.
Lá pode ter um sambista compondo
Melodias (Não dá ibope!),
Que o asfalto engole e se farta
No carnaval... Na avenida, brother do apê, o morro desce...
É talento na mão, no pé e no gogó.
Tá ligado!? Lá tem crianças soltando pipas,
Esticando seus sonhos pelos ares.
Tem mulata bronzeando seus corpos nas lages,
Vendo a patricinha na cobertura cheirar o pó...
Ismos...Cinismo...Achismos! Tô ligado!
Viciaram as letras – brother, com tanto estrangeirismo
E querem viciar nossas crianças e jovens,
Fazendo acreditar que a droga está no morro.

 
 

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Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 76 - Abril de 2011