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Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 80 - Agosto de 2011

Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Ruidoso silêncio

 

Muito bom ouvir o som
do beijo na declaração amorosa,
do eco no riso da certeza,
da sinfonia na orquestra da natureza
no amanhecer com trinados das aves.
Das cigarras afinando os instrumentos,
do ciciar do fogo a aquecer o alimento
do sussurro que completa o prazer.
Ruim de escutar é o barulho
pesado do trânsito parado,
do bate estacas da construção,
do ronco da motosserra na mão
de quem derruba árvores em extinção.
Não gosto nada mesmo
do som lamúrico do choro,
do grito desesperado a soluçar,
do estampido da arma a matar,
da pancada cruel a bater,
som triste constante do sofrer.
Pior que todos os maus sons
É o que se instalou entre nós
é o som do silêncio calado
que demarca o espaço ocupado
que fere como espada afiada,
que míngua a palavra falada,
que desorganiza o pensamento
e contamina o sentimento.
Ruidoso silêncio!
Que toma posse do vulcão interior
fragmentando o nosso amor.


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