Roselena
Salgueiro Ruivo
Belém / PA
Recomeço
E eles ficaram a rodopiar numa dança
Insana a provocar outros casais...
Seus beijos ardentes queimavam seus lábios
Tinham medo de acordar desse sonho.
Sim, tudo não passava de um sonho...
Ela sonhava um amor que há muito o tempo carregara
Ele distante numa cidade fria...
Ela sentindo frio, morando numa saudade dorida.
Se ainda iriam se encontrar, só o tempo sabia...
E, eis que, num desses encontros casuais, onde a vida não
pede licença, romperam o silêncio, venceram a distância,
que os mantinham mudos, distante de corpos, mas nunca de almas...
E se viram, se reencontraram...
Ele trouxe a certeza de um amor que, embora perdido no tempo,
ainda fazia seu coração saltar. Pois que se é
amor, nada impede a emoção de sobrepujar mágoas
doridas;
A solidão invadida somente pela imensa saudade de um vazio
tenebroso;
E a incerteza, de um futuro a dois, que o embalava noites a fora,
dia após dia...
Ela mantinha seu sorriso aberto, escancarado; riso que sempre
o encantara tempos atrás e que, por certo, continuava a
encantar...
Recebeu-o com mãos trêmulas, olhos rebaixados e tímidos...
Pelo batimento acelerado do seu coração e respiração
ofegante, certificou-se que o amor continuava pisando esse terreno
que de tão enlouquecedor, parecia prestes a explodir toda
emoção contida, anos e anos...
E, apesar disso, não conseguiram ir além de conversas
triviais, incapazes de vencer as barreiras que eles mesmo se interpuseram,
comportando-se apenas como amigos descompromissados.
E, novamente, perderam-se um do outro, levando cada um seus silêncios,
seus sonhos, que de tanto esperar desaprenderam de caminhar juntos...
É, talvez seja certo que nada é para sempre, mas
que seja certo que nada há de impedir a esperança
de um recomeço...
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