Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

Encontro


Encontro. Palavra atravessada por uma riqueza repleta de sons vivos que dá aos homens as cores ideais para que o seu mundo venha ter sentido… Existia bem distante daqui, bem distante de toda simbologia poética um rio chamado Sonho que era muitíssimo maltratado por sua gente. Depois de tantos maltratos e abandono, ele resolveu partir, deixando para sempre aquele desumano lugar a viver de suas amargas e secas histórias.
Sonho andava muito triste com o que o homem estava a fazer com ele e outros amigos da natureza. Numa brecha acesa em fendas de rochas amigas, ele arrumou a mala e partiu sem saber o seu destino. Caminhou por fechadas estradas, escuros caminhos, apertadas entradas, até encontrar com o potente amigo, o mar Gratidão. Gratidão, de braços abertos, o recebeu em silêncio…
O narrador que ora se emociona com o encontro, percebe que o filho que andava distante retorna ao lar, e o seu pai o recebe com grande alegria. As águas se acalmam como quem abraça em si uma parte dela que havia sido desgarrada. Pai e filho se tocam, se abraçam, se sentem… Rio e Mar se deleitam em sua forma naturalmente espiritual. Sonho e Gratidão realizam o ritual tão esperado por outros Reinos: o Atlântico, o Pacífico e Índico.
O narrador sabe que tem também que partir a procurar seu Reino, seu Pai, seu Todo, e num rápido mergulho de sonhos interrompidos, ele sai de cena, com a certeza de ter visto o suficiente, de ter alimentado o suficiente para continuar a jornada, em outro lugar, dentro de uma outra história, porque esta teve um final feliz, embora os rastros deixados por Sonho jamais serão esquecidos. Amigos foram deixados para trás, letras foram derramadas traumaticamente, poesias foram abandonadas, versos foram escritos com a pena fria e singela da dor de alguém que sobreviveu à travessia da existência. Mas o melhor de tudo aconteceu: alguém encontrou alguém, alguém foi encontrado por alguém. Encontro. Ponto final que dá aos que buscam a vida e sentem o doce amargor da vitória. Sonhar é preciso… A gratidão escala montanhas e nos abraça com o seu gesto sublime de ser poesia pura, vida em explosão… encontro, encontros, desencontros também.  
 

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Outubro de 2016