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José Antonio Silva Santos
Rio de Janeiro / RJ

 

O reencontro


   O que difere um ser humano do outro, é a capacidade de gerenciar os seus sentimentos, e sendo o amor o sentimento mais importante, então é através dele que a vida nos proporciona os maiores desafios.
   Em abril de 1980, nascia na cidade de Porto Alegre a menina Silvia Casanova, vinha de uma família simples, porém muito unida, sua infância foi tranquila e sadia, assim como a sua adolescência, ela era uma jovem sonhadora e obstinada.
   Aos dezoitos anos Silvia era uma morena muito linda, tinha os cabelos encaracolados, um corpinho de modelo e um sorriso arrebatador, foi quando conheceu Silas, um amigo da família, ele era bem mais velho que ela, mas logo surgiu uma amizade muito legal entre eles, apesar dele ter um romance com uma conhecida que ela não gostava muito. Não foi preciso muito tempo para que ambos começassem a ver mais que uma amizade, existia muita admiração entre eles, e como estavam sempre saindo juntos e sozinhos, logo surgiu à paixão entre eles.
   Silas era do tipo sério e discreto, ele tinha um bom papo, mas era também muito formal, na intimidade com Silvia ele se tornava um menino brincalhão, parecia remoçar com a juventude dela, e ela amadurecia com a experiência de vida dele, sexualmente eles tinham uma química fora do normal, onde o desejo permanecia à “flor da pele”.
   O apaixonado Silas recebeu uma excelente proposta de trabalho em outro país, o que lhe colocava a prova, pois teria que tomar a decisão mais importante da sua vida, recusar a proposta estava fora de cogitação, e levá-la com ele? A juventude de Silvia, que antes o estimulava, agora causava desconfianças, ele não acreditava que ela estivesse preparada para se tornar uma esposa, na verdade, ele tinha medo que a diferença de idade ganhasse uma maior importância para ela, e também não soube mensurar a força do amor que sentiam um pelo outro. E nada fez no sentido de tê-la com ele na nova fase de sua vida, apenas se despediu e partiu, mesmo com o coração despedaçado.
   Logo no primeiro dia após chegar ao novo trabalho, veio o arrependimento por sua covardia, não se perdoava por nem ao menos tentar, mas ainda assim não voltou atrás, preferiu se agarrar ao fato dela nunca ter dito, com todas as letras, que queria ir com ele, foi um rompimento tão brusco que acabaram ficando sem contato.
   A vida seguiu, mas não houve um único dia que ele não pensasse nela, tudo que fazia era como se fosse para ela, era comum que as lágrimas banhassem seu rosto quando imaginava que ela poderia não estar sentindo tanto a sua falta, e que a sua juventude facilitasse a entrega de seu coração a outro.
   Silas se envolveu com outras mulheres, mas não amou nenhuma delas, até começava bem, mas logo se decepcionava por não sentir toda aquela paixão que sentia por Silvia. Conheceu mulheres maravilhosas, que certamente muitos homens gostariam de ter a seu lado, inclusive ele, mas a falta de amor por parte dele acabava pondo um fim na relação.
   O amargurado homem buscou um melhor sentido para a sua vida, incrementando a parte profissional através da realização de muitos cursos, o que lhe proporcionou uma ascensão significativa profissionalmente. A mudança lhe trouxe um novo prazer pela profissão, e isso facilitou também no seu relacionamento afetivo, mas o principal foi aceitar que não encontraria a mulher amada na pele de outra mulher, conseguindo com isso ter um relacionamento satisfatório.
   Silvia deu a sua vida o melhor que pôde, com o passar do tempo, conheceu outros homens, uns importantes, outros nem tanto, mas que serviram para que ela fosse esquecendo o Silas. Teve um relacionamento mais sério com um rapaz, seu coração agora tinha um novo motivo para bater forte, e aquele amor de antes havia se perdido das suas lembranças, não restando quase nada em seu coração, mas quase nada, significa que ainda existe alguma coisa, por menor que seja.
   O relacionamento dela que parecia promissor chegou ao fim, devido às crises provocadas pelos ciúmes dele, que a sufocava com suas desconfianças e acusações. Ela deu um novo sentido para sua vida, indo morar sozinha, onde se dedicou aos estudos e ao trabalho.
   Quinze anos haviam se passado, Silas já não sentia tanta falta de um amor ardente, sua vida calma já lhe era suficiente, realizado profissionalmente, querido por seus amigos e amado por sua companheira. Mas sua vida estava prestes a mudar, o seu calmo coração ainda guardava um grande amor do passado, e num momento em que menos esperava, teve um surpreendente contato com Silvia, numa visita ao Brasil, a princípio ela parecia não se recordar bem de tudo que aconteceu entre eles. Silas quando viu sua amada achou que sua consciência estava lhe pregando uma peça, lhe subiu um tremor dos pés à cabeça, o ar lhe faltou aos pulmões e as lágrimas não demoram a surgir. Era difícil acreditar que depois de todo aquele tempo, e de uma forma surpreendente, ele estava novamente de frente com a mulher que sempre foi dona de seu coração.
   Todos aqueles anos passados, pareciam nunca terem existidos para ele, ela não tinha a consciência, mas também nunca deixou de amá-lo, essa certeza ela teve após um tempo de conversa, mas ainda assim teriam que permanecer afastados temporariamente, mas jamais ficariam sem viver aquele amor, mesmo que fosse através das redes sociais, ou de telefonemas, somados as constantes visitas que fariam um ao outro, até que chegasse a hora de permanecerem unidos para sempre.
   A história de amor vivido por Silas e Silvia, certamente se coincide com outras tantas vividas por diversas pessoas, que apesar de se amarem muito, não conseguiram permanecer juntas. Neste caso, eles estão tendo a oportunidade, não de retomar de onde pararam, mas sim de escrever um novo roteiro para aquela história de amor, sendo que agora eles conheciam a força do sentimento que os unia, e o reencontro foi apenas o destino se cumprindo.

 

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Outubro de 2016