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Elizabeth Maria Chemin Bodanese
Pato Branco / PR

 

Chapeuzinho Verde


  

Chapeuzinho Verde era um menino que havia passado a infância em uma gruta no meio de uma floresta oculta aos olhos humanos, no sudoeste do Paraná.
Educado por Curupira, cresceu longe das cidades e das multidões.
Sempre usando um chapéu verde, feito de folhas, com grandes aptidões no manejo dos cipós e na plantação de árvores, quando alguma tombava durante as tempestades ou queimava atingida por um raio, em seguida plantava outra no lugar.
Chapeuzinho Verde era um menino corajoso, amava e defendia as matas.
Esse menino tão belo e forte quanto Aquiles, tinha poderes sobrenaturais. Acreditava em Deus e até falava com Ele. Eram amigos em todos os momentos.
Aos dez anos, forte e decidido, todos os dias percorria as colinas e os vales daquela floresta cerrada. Porém, foi nessa idade que teve a maior decepção de sua vida. Encorajado por Curupira, ao ultrapassar os limites territoriais a ele imposto, assistiu a mais triste cena: motosserras cortando árvores, centenas tombadas, devastamento total. Caminhões carregados com troncos ainda escorrendo a seiva da vida.
Com seus poderes e invisível ao olho humano, continuou fora dos seus limites, pois precisava conhecer o mundo a ele desconhecido.
Por isso, com o pozinho de Pirlimpimpim que no dia do seu nascimento foi deixado de presente pela da Fada Sininho, sobrevoou muitos lugares do Paraná, fora da floresta onde nascera. Comunicando-se com os animaizinhos, árvores e flores, descobriu que maus humanos tinham um poder demolidor e invencível! Mandavam em outros e queriam riquezas só para si. Não se preocupavam com o futuro das crianças e nem do mundo em que viviam. Para eles era somente o prazer que importava, além da ganância pelo poder.
Decepcionado com os relatos a respeito da realidade dos lugares por onde passava, Chapeuzinho continuou a sua viagem. Conheceu cidades cheias de prédios, ruas quase nuas, raras árvores. Estradas quentes, concreto e asfalto fervendo nos dias de calor...
Ao sair das cidades viu ainda mais devastação... Fontes de água desprotegidas e quase secas. De uma cidade avistava outra, pois a mata nativa pouco existia.
O pinheiro, símbolo do Paraná, dava para contar quantos ainda restavam. E cadê a Gralha Azul que planta o pinhão? Chapeuzinho Verde encontrou apenas uma.
Sem rumo, Chapeuzinho que somente era visto pelos seres puros de coração, chegou às Cataratas do Iguaçu. Observando tamanha beleza da natureza, ouviu uma voz que disse:
- Menino, você que brilha ali no alto, olhe e grave em sua mente a natureza bela deste lugar. O mundo precisa saber que ainda existe esperança de salvar as matas, os pinheiros, as palmeiras, os animais...
Chapeuzinho perguntou:
- Quem é você? Uma palmeira falante à beira do abismo?
- Sou Tarobá. Eu era um jovem guerreiro. E ali, aquela rocha é Naipi, a mais bela jovem que já existiu. A minha eterna amada. Estamos condenados para sempre viver aqui neste lugar. Não podemos nos abraçar e nem sair, pois M’Boi, um monstro maldoso e vingativo, em planta e pedra nos transformou. Agora, vive ali embaixo e nos vigia eternamente.
Emocionado, Chapeuzinho contou a Tarobá que era protetor das matas. Falou aos dois, Tarobá e Naipi, para com a força do pensamento e do amor pela natureza, sensibilizarem os corações das pessoas que por ali passarem.
Disse adeus e partiu para cumprir a sua missão: defender a natureza.
Voltando ao lugar do seu nascimento, rodeado de beija-flores, conversou com Deus. Pediu para criar uma geração de homens sensíveis e bons. Conscientes de que são parte da natureza. Ao destruí-la, estarão exterminando a eles mesmos.
E assim aconteceu...
Daquele dia em diante, as crianças que nasceram ajudaram Chapeuzinho Verde na missão de salvar a natureza. Os pequenos ensinaram aos pais e pessoas mais idosas, como cuidar do ambiente em que viviam.
Chapeuzinho, com o auxílio dos meninos perdidos, enviados da Terra do Nunca, por Peter Pan, de cidade em cidade, plantou nas praças e calçadas muitas árvores e flores. Nos campos, fez nascer uma infinidade de pinheiros.
Curupira, de longe os observava.
Quando tudo parecia perfeito, felizes os meninos perdidos voltaram para casa.
Zeloso e sempre alerta, com a ajuda dos amigos Chapeuzinho salvou as matas do Paraná.
Voltou à floresta onde havia nascido e rompeu a barreira que a isolava das regiões por ele descobertas e percorridas.
As plantas brotaram, as fontes jorraram, os rios ficaram cristalinos e os infinitos tons de verdes, com o colorido das flores e dos pássaros, cobriram o Paraná da Gralha Azul, do Pinheiro nobre e altaneiro, do céu mais azul.
Então, o sol brilhou com intensidade por todos os lugares... E o feliz Chapeuzinho Verde, com pozinho de Pirlimpimpim e sementinhas, fez do Paraná um belo jardim.

 

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Outubro de 2016