Jorge Braga da Silva
Peruíbe / SP
Amanhece
um sorriso
Quando a tristeza arrebatar o teu céu,
E abduzir o Sol deste delicado véu;
Deletar dele as estrelas e nele escavar
Pavoroso buraco negro suspenso no ar,
Devorando a luz última, se ainda restar...
Quando teus gritos não mais ressoarem
E desfalecidos no vácuo eles sumirem
E tu chorares na solidão dessas trevas,
Vacilando teus passos na face do abismo
Que espreita no escuro abissal de sadismo...
Se teu sofrimento parecer desmedido
E toda esperança houver sucumbido,
Mas ainda assim piora o que já era ruim,
Até fazer de consolo o prenúncio do fim...
Então abre teus olhos desta última vez,
Revire a escuridão e sua sedosa aridez.
Talvez um fóton de esperança
Esboce débil luz da mudança.
Veja! A débil luz se insinua distante, vaporosa,
Nebulosa, de leve luz que rompe obscuridade.
Tíbios contornos emergem da fraca claridade,
A discreta flor abre-se, adensa-se gradualmente.
E, de repente, nasce novo horizonte brilhante,
Do qual emerge o Sol e vasto céu azul sorridente.
Amanhecem esperanças - no teu mundo já dado por findo.
Renasce o Universo - aplaudido por teu sorriso mais lindo.
|
|