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Agenor de Oliveira
Rio de Janeiro/RJ, 11/10/1908 - Rio
de Janeiro/RJ, 30/11/1980
Considerado por diversos músicos e críticos como o maior
sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu
no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras.
Criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação
Primeira de Mangueira. Após muitos anos desaparecido do cenário
musical carioca, foi redescoberto em 1956 por uma nova safra de intérpretes.
Em 1974, aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro de seus quatro discos-solo
e sua carreira tomou impulso de novo com o sucesso de seus LPs, fazendo
shows por diversas cidades brasileiras e manteve o ritmo de trabalho
até o final de sua vida, em 1980.
Em 1957 Cartola trabalhava como vigia e lavador dos carros dos moradores
de um edifício em Ipanema. Nessa função, foi identificado
em uma madrugada pelo jornalista Sérgio Porto (ou Stanislaw Ponte
Preta), sobrinho do crítico musical Lúcio Rangel (que
havia dado ao sambista, anos antes, o apelido de "Divino Cartola").
Ao ver o compositor magro e maltrapilho em um macacão molhado,
Stanislaw decidiu ajudá-lo, começando por divulgar a redescoberta,
que fizera, do sambista. Àquela altura, Cartola era dado como
desaparecido ou mesmo morto por muitos de seus conhecidos e admiradores.
O reencontro com o jornalista foi definitivo para a retomada de sua
carreira como músico e compositor.
A promoção rendeu algumas apresentações
na Rádio Mayrink Veiga e em restaurantes, além de matérias
em jornais e revistas. Sérgio também arranjou para o sambista,
por meio do cronista e pesquisador Jota Efegê, um emprego de contínuo
no jornal Diário Carioca em 1985 e, no ano seguinte, no Ministério
da Indústria e Comércio. Em 1958 foram gravados seus sambas
"Grande Deus" e "Festa da Penha", respectivamente
por Jamelão e Ari Cordovil. Em 1960, Nuno Veloso gravou "Vale
do São Francisco" (parceria com Carlos Cachaça).
A glória na velhice
Em 1970 Cartola protagonizou uma série de apresentações
promovidas pela União Nacional dos Estudantes, intituladas "Cartola
Convida", na praia do Flamengo, onde recebia grandes nomes do samba.
Também naquele ano, a Abril Cultural lançou um volume
dedicado à sua obra na série "História da
música popular brasileira", no qual o sambista interpretou
"Preconceito" (de sua autoria). Em 1972 Paulinho da Viola
gravou "Acontece" e Clara Nunes gravou "Alvorada"
(com Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho). Em
1973 Elza Soares gravou "Festa da Vinda" (parceria com Nuno
Veloso).
Mas a consagração definitiva viria somente em 1974, alguns
meses antes de completar 66 anos, quando o sambista finalmente gravou
seu primeiro disco-solo. Cartola, lançado em uma iniciativa do
pesquisador musical, produtor de discos e publicitário Marcus
Pereira. O disco, que recebeu vários prêmios e foi considerado
um dos melhores daquele ano, reunia uma coleção de obras-primas
de Cartola e uma equipe de instrumentistas de primeira linha no acompanhamento.
O sambista interpretou "O Sol Nascerá" (com Élton
de Medeiros), "Alvorada" (com Carlos Cachaça e Hermínio
Bello de Carvalho) e"Quem Me Vê Sorrindo" (com Carlos
Cachaça), dentre outras.
Também em 1974 , em um programa especial para a Rádio
Jornal do Brasil, apresentou dois sambas ainda inéditos: "As
Rosas Não Falam" e "O Mundo é um Moinho".
Ainda naquele ano, o sambista participou do programa radiofônico
"MPB - 100 ao vivo" - os programas foram editados em oito
LPs com o mesmo título e em um dos álbuns ocupou todo
um lado, deferência só concedida a dois outros convidados,
Luiz Gonzaga e Paulinho da Viola - e se apresentou no bairro carioca
de Botafogo, em que atuou ao lado da cantora Rosana Tapajós e
do flautista Altamiro Carrilho.
Logo depois, em 1976, a mesma gravadora lançou o segundo LP,
também intitulado Cartola. O sucesso do álbum foi puxado
por uma de suas mais famosas criações, "As Rosas
Não Falam", incluída na trilha sonora de uma novela
da Rede Globo. Ainda em seu segundo disco, Cartola interpretou suas
composições "Minha", "Sala de Recepção",
"Aconteceu", "Sei Chorar", "Cordas de Aço"
e "Ensaboa". Gravou também as canções
"Preciso me encontrar" (de Candeia), "Senhora tentação"
(de Silas de Oliveira) e "Pranto de Poeta" (de Nelson Cavaquinho
e Guilherme de Brito. Também nesse ano, Clementina de Jesus gravou
"Garças Pardas" (parceria com Zé da Zilda).7
Três dias antes de morrer, Cartola recebeu de Carlos Drummond
de Andrade sua última homenagem em vida. O poeta lhe dedicou
uma comovente cronista, publicada pelo Jornal do Brasil.
Cartola morreria de câncer em 30 de novembro de 1980, aos 72 anos
de idade.
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