Rozelene
Furtado de Lima
Teresópolis
/ RJ
Carta
a Cecília Meireles
Cecília querida poetisa amiga
Carta é conversa à moda antiga
Li seus poemas ainda na infância
“Ou isto ou aquilo” amei a alternância!
Viajei sozinha com você nas primaveras
Aprendi a renovar depois das podas severas
E desmanchar as pétalas de nostalgia
Passei pelas fases da lua e me enchi de poesia
Não defini a liberdade, mas achei o prazer
Em seus versos na liberdade de ser,
Desengessar a alma dos limites do corpo-lento
E deixar que seja levada pela vida através do vento.
O efêmero se desfaz, o que é eterno não fenece,
Você é uma poetisa modernista que marcou e permanece.
Incitando-me e desvencilhar do aprisionamento e ampliar
A acústica interior e deixar circular
Aprendi a lidar com a fluidez e a volatilidade fugaz em sinergia
Crer que inspiração poética é o vento que
sopra e anuncia.
Ver a vida espelhada através de infinitos vitrais
Centralizada à imagem do poeta e sua poesia como imortais
Aprendi também a entregar-me no ato da criação
A esquecer de mim e dar voz a alma e a emoção
Que é a razão infinita de tudo: o que circula é
vento e é vivo
Poeta e poesia são produções de vida falando de
dentro do livro.
Grande poetisa da incerteza e emocionalidade
Escritora brasileira do Rio de Janeiro, belíssima cidade.
De você ficaram em mim tatuagens de vento e brisa
E o sonho de um dia chegar a ser uma poetisa.
Um forte abraço com a maior amizade
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