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Andreia Marques
Duque de Caxias / RJ

 

A moça das gaiolas

Uma moça de olhar doce e mãos como de seda fossem.
Sensível, mas, determinada. De coragem, acompanhada.
Chega como o vento; sem ruído, mas, intenso.
Sacode, remexe, transforma e abre de vez a gaiola! 
Talvez uma lenda seja, alguém com a delicadeza
De libertar todas as aves de canteiros ou entraves.
Mas acredito, de fato, que esse grande ato
Seja tão verdadeiro como a ave no viveiro,
Que ao cantar seu triste canto, destila seu próprio pranto
De estar presa sem correntes, ou motivos aparentes.
E quem terá a coragem de trazer liberdade
A um uirapuru-laranja que enfeita uma varanda?
Ou a um canário que faz parte do cenário
Da sacada de uma casa notadamente bem cuidada?
Haveria de existir alguém para agir
Por esses desventurados cantores alados?
Só mesmo esta dama que atende ao drama.
Abrindo os viveiros, esvaziando os poleiros.
Abrindo as gaiolas, soltando as violas.
Violas que tentam calar com o tempo.
Agindo sempre assim: Quando a gaiola se abrir,
Sem causa evidente, esteve por lá, a moça contente.
E sua única recompensa é ter a experiência
De ver alforriado o pássaro amado.
E sua maior ambição, que ilustra sua vocação,
É ver, algum dia, todas as gaiolas vazias.
E uma grande revoada, milhões de asas,
Sumindo em disparada, livre, barulhenta, danada...

 

 


 

 

 
Poema publicado no livro "100 Grandes Poetas Brasileiros" - Edição Especial - Maio de 2015