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Letícia Alvarez Ucha
Porto Alegre / RS

 

A descoberta


Amélia está visitando a irmã. Precisa acessar a internet, então pede o computador emprestado.
-- Pode pegar o notebook do Mateus, porque o meu está no escritório. – disse sua irmã Débora arrumando no armário da cozinha as compras que havia feito no mercado.
Por descuido Mateus, seu cunhado, havia deixado o computador ligado. Percebeu que havia um documento minimizado era um e-mail dele com outra mulher relatando detalhes picantes de seus encontros, já marcando o próximo.
Amélia ficou chocada, não sabia o que fazer. Para ela o casamento de sua irmã era um exemplo de felicidade. Veio a dúvida deveria contar ou não?
Há pouco tempo sua irmã havia recebido proposta de transferência na multinacional onde trabalhava. A proposta salarial era atrativa, além disso, seria uma ótima experiência de vida. Porém, Débora recusara porque não queria deixar o marido no Brasil.
Amélia vai até a cozinha, falar com a irmã que aparentemente não desconfia de nada.
-- Você acha que as pessoas devem manter segredos ou sempre falarem toda verdade ?
-- Depende.-disse Débora lavando os tomates suculentos para o almoço.
-- O que você faria se soubesse que alguém está sendo traído, contaria ou não? – falou Amélia coçando a face e olhando para baixo.
-- Esses comentários geralmente são de pessoas que gostam de fazer intrigas,não podem ver os outros felizes.– disse Débora sem dar valor para o assunto.
A irmã não sabia o que fazer. Se não contasse poderia estar estragando o futuro profissional da irmã que acabara de recusar uma excelente oportunidade, e o pior estaria sendo de certa forma conivente com o cunhado. Mesmo assim não teve coragem de contar sua descoberta.
Sem que Débora percebesse, digitou uma carta anônima dizendo que Mateus costumava encontrar-se após o serviço com uma colega de trabalho em lugares difrentes. Enquanto todos pensavam que estivesse na academia, ele encontrava-se com a outra.
No dia seguinte, ao visitar à irmã ela diz :
- Você já foi pegar a correspondência hoje, posso fazer isso para te ajudar? –disse Amélia já com a carta no bolso.
- Pode ser. Há três dias não vejo, deve ter acumulado. A chave está em cima da mesa. – falou Débora que ainda cozinhava.
Amélia retornou ao apartamento trazendo um punhado de cartas.Entregou-as à irmã. Débora nem desconfia e começa a separá-las. De repente, vê um envelope sem remetente e abre-o imediatamente. Leu a notícia de que estava sendo traída. Sentiu o coração disparar de angústia.
-- Aqui diz que estou sendo traída e ainda tem o endereço de onde será o próximo encontro.. O que você faria se estivesse no meu lugar?
-- Iria, não agüentaria ficar com essa dúvida. – disse Amélia tentando ajudar a irmã.
-- Vamos juntas hoje ver o que acontece. –disse Débora cerrando as sobrancelhas.
As duas esperavam por Mateus quando o viram chegar com a outra ao local .
Débora aproxima-se dos dois e diz que está tudo terminado entre eles. Sai rapidamente e diz à irmã que aceitará a proposta de transferência no trabalho.


   
Poema publicado no livro "Contos Livres" - Edição Especial 2014 - Setembro de 2014