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Neiva Terezinha Paludo Chemin
Pato Branco / PR

 

Caminho para Verona

No caminho para Verona, Itália, Bianca observava tudo com muita atenção a cada detalhe dessa viagem.
Percorrendo muitos quilômetros, viu uma linda paisagem, divina: lado a lado da estrada, parreirais sem fim com suas folhas verdes. Todos alinhados. Um capricho de mãos trabalhadoras, dedicadas à produção da saborosa uva...
Vinte e um de maio. Bianca chega a interessante e milenar cidade de Verona. Bela! Cidade de ruas ornamentadas por árvores floridas cujo perfume inebria os arredores.
Após um longo caminho, Bianca está na cidade de Romeu e Julieta! Lugar pontuado por verdes colinas e pelo famoso rio Ádige.
Estava ela muito curiosa, na expectativa de descobrir as origens de seus antepassados que ali viveram. Relatos de parentes diziam que, na época, seu bisavô Luigi era funcionário do correio da cidade. Como de costume, perfeitamente vestido com as roupas bem passadas pela fiel esposa Antonieta, executava o trabalho usando luvas.
Olhando as construções bem conservadas, Bianca falou a Lina, uma colega ao lado:
- Como eram nobres e caprichosos naquele tempo! Usavam luvas...
Sua avó materna, Rosa, também havia nascido ali, nessa cidade impar para Bianca que vivia a importância de conhecer as suas raízes.
Vagarosamente caminhando pela praça coberta de rosas brancas e miúda grama verdinha, grama salpicada de florezinhas também brancas, lentamente, tirou o calçado e pisou a terra para sentir mais de perto o chão querido de seus avós.
Depois de um tempo, emocionada calçou novamente a sandália e andou... Tudo para ela era fantástico, maravilhoso, importante...
Mais adiante, chegou às margens do rio Ádige, rio nascido nos imponentes Alpes. Molhou as mãos e o rosto. Agradeceu a Deus por estar ali sentindo a doce brisa... Vendo e ouvindo as águas do rio a deslizar com seu murmúrio singelo.
Ao erguer o olhar, viu ainda um curioso castelo construído de uma margem a outra sobre esse rio. E as pontes parecendo arcos!
Continuando a caminhar, enxergou parte de uma arena milenar, de três andares, ainda em pé, parcialmente destruída por um grande terremoto em 1117. Descobriu que, construída com grandes pedras rústicas, a arena era um anfiteatro, um dos mais bem conservados do Império Romano.
Bianca sentiu-se pequena ao lado das altas e fortes muralhas ao redor da cidade. Uma maneira de seus habitantes se protegerem dos inimigos na época dos grandes conflitos e guerras. Um tempo de muitas incertezas.
Para Bianca, desvendava-se a cidade, Verona da família Scala, de Cangrande, imortalizado na A Divina Comédia, de Alighieri.
Depois de muito andar, sentada na grama, embaixo de um enorme cipreste, Bianca relembrava a beleza da viagem no caminho a Verona. Nem conseguia acreditar estar ali, no lugar com que tanto sonhou.
Olhou para o céu azul. Algumas nuvens parecidas com algodão brincavam lá em cima... Nesse instante de verdadeira poesia, um vento fresco soprou e acariciou o rosto angelical de Bianca que na memória deslumbrava todo o conhecimento obtido no caminho para e em Verona. Conhecimento que, para Bianca, nem o tempo apagará...
O sol começava a se pôr...
Era preciso partir...
Bianca abriu os braços e com um beijo se despediu de Verona, cidade que conheceu e amou...

   
Publicado no livro "Contos Fantásticos" - Edição Especial - Maio de 2015