Tiago Paradiso de Oliveira Real
São Paulo / SP

Janelas

 

        

           

Minha casa fictícia,
tão real, quanto mística.
Vou a ela quando anseio
e volta e meia não querendo.

Dela sei bem o endereço,
"de cor e salteado",
por onde jaz uma nascente
e passeiam as serpentes.
Meus vizinhos moram longe,
praticamente não os vejo.
Dita terra abissal,
de tamanho continental.

Penso em ir embora destes lados
para um lugar sem fardos,
mas meu presente me segura
para suportar essa luta.
Nessa minha moradia,
passo em frente atrás de gente.
Quem sabe eu encontre
o que me faz contente.

Não há portas nem batentes,
telhados ou vidraças,
jardim ou água corrente,
nem toalhas de graça.
Tenho pássaros, cães e gatos
e um peixe no aquário,
Meus cachorros são bravos
e também meu namorado.

De parede em parede,
sigo a procura de janelas
de todos os tamanhos
por onde surgem estas ideias.

 

 
Poema publicado no livro "Contos de Outono" - Maio de 2018