Teresa Cristina Cerqueira de Sousa
Piracuruca / PI
Sol incandescente
O sol pendia sobre a cerca de arame. Imensa luz incandescente presa na cara da menina. Um sol maior que o do da janela do quarto dela. E como era em brasa! Ora, na janela ela jogava a cortina para fora se os raios quentes salpicassem o calor dentro do ambiente teimosamente. Mas ali ele se mostrava rugindo preso na cerca, voz de quem grita que é ainda dia.
Então, lá vinha o galo da fazenda cheio de esporões... – ploc-ploc, ploc-ploc!
E as patas do animal foram ganhando intensidade! – PLOC-PLOC, PLOC-PLOC!... De modo que a menina soltou as pernas no ar por cima da cerca, e rasgou o vestido. Que dor! Arranhou uma das pernas. Culpa do sol que a encandeou!
Para esquecer-se da aflição, gritou:
— Valha-me Deus deste galo do cão!
Talvez o sol tivesse escorregado no fim do quintal, que dava nas margens do rio: as águas ficaram alaranjadas quase barrentas quem sabe pela chuva de ontem... quem sabe...!
A menina entrou em casa levando na perna um risco de sangue já seco avermelhado. E foi tomar banho enquanto contava para a mãe (que a culpa era do sol).
|
|
|
|
|