Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

Nilva de Souza Cabral Lopes
Brasília / DF

 

Sobrinha e tia

 

A linda menininha com uns três aninhos, pele morena, dos cabelos toin-oin-oin tão charmosos e brilhantes esvoaçantes e soltos um sorriso com  o encanto e beleza das perolas, alegria das tias, dos avós, da família. Era a alegria que todos tinham. Ao chegar, abrilhantou a vida dos que com ela convivia e ensinava mais que aprendia com seu jeito angelical de ser. Tanto amava que aquebrantava os corações. Num dos dias que sua tia a pegou na escola, como era de costume a bela menininha dentro do carro diz para a tia, com um ar de surpresa:
Titia! Você sabe de onde vem o peixe? Titia, eu não vou mais comer peixe, já pensou titia vou comer o meu peixe do meu aquário?
Meu amor, nós não comemos peixes como o seu,
daqueles a gente não come, comemos os do mar, dos rios ou de aquários gigantes onde se alimenta o peixe até que ele fique grande e pronto para podermos comer.
Titia não vou mais comer peixe. Não vou.
A tia achando interessante a percepção da sobrinha resolve lhe instigar a pensar mais um pouco.
E você sabe de onde vem o frango? Pergunta a tia.
De onde titia? Ahhh não!
Sabe aquelas galinhas e os pintinhos que o vovô tem no quintal, que você brinca e joga milho para eles? Então, aquelas a gente come. Tem ainda outras que criam só para vender nos mercados que compramos para comermos.
Ahhh não titia! não vou mais comer flango tadinho.
Com uma carinha de decepcionada a menininha começava a entender alguns processos da vida. A tia encantada com este momento continua a conversa.
E a carne, você sabe de onde vem? Insiste a tia.
Titia ahhh não …
Elas são daquelas vaquinhas que tem na fazenda
que dá o leitinho que você toma.
Titia, a gente come aquelas?
Sim daquelas.
Ah! Não titia não vou mais comer carne. Dizia com um bico nos lábios um olhar de ira amável e incompreensivo com os braços cruzados se afundava no banco do carro para demonstrar sua insatisfação de entender que se come os bichinhos que ela tanto amava.
Titia ah! Vou falar pra mamãe que nunca mais vou
Comer nem peixe, nem flango, nem carne. Vou comer só linguiça, diz com precisão.
Ah! Que bom, linguiça pode, diz a tia aos risos.
A tia pensou, que com apenas três aninhos não iria adiantar explicar algumas leis dessa nossa vida humana, estaria cedo para a explicar sobre a lei da sobrevivência e dos predadores, seria violentar aquela inocência que ela tinha, de amar os animais e não se conformar em comê-los, ela não entenderia. Como é inocente minha menina, pensa a tia, não vou contar como se faz a linguiça. Pensando bem, ela sabe das coisas. Matamos os bichos para comer, não devia ser assim, mas ninguém é vegetariano na família deixa ela comer a linguiça, depois desta conversa quero ver como a mãe vai convencê-la a comer sem culpa.
Titia tô com muita fome, chegou né titia? Vou subir.
Amanhã você vem me pegar?
Sim meu amor, amanhã estarei aqui.
Até amanhã!
E dá um beijo na tia antes de subir, a menina que tinha tanto amor pelos bichinhos.

 

 

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos Fantásticos - Edição 2016" - Setembro de 2016