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Maria de Jesus Silva Amorim
Viana / MA

 

Eu vi Ana

               

           Localizada às margens de um imenso igarapé, o Igarapé do Engenho, havia uma fazenda denominada de São Bonifácio, onde se iniciou a colonização do vilarejo - da vila de Viana -, que até então era um apenas um pequeno aldeamento de índios nominado Guajajara de Maracu, e que, depois deu início ao povoamento da Vila de Maracu.
        As redondezas da fazenda eram habitadas por uma tribo de índios chamada de Guajajara, essa tribo deu início da chamada Aldeia de Maracu, de onde se originou o lugarejo Vila de Viana. Logo que foi instalada a aldeia, onde todos obedeciam à hierarquia da cultura indígena, sob as ordens do cacique Timbaú, a quem cabia manter os ritos da cultura e prover a subsistência da mesma.
       Seguindo aos costumes da aldeia eram comuns os jovens e as crianças indígenas ter momento de dedicados aos rituais religiosos e tribais. Nos dias de rituais e bênçãos, então todos de corpos seminus pintados e com suas indumentárias coloridas se reuniam e dançavam alegremente no interior da tribo, sob o olhar atento do cacique e dos índios adultos.
         Entre as índias jovens, destacava-se uma bela índia de nome Ana, filha do cacique Taumatauí, que chamava atenção pela jovialidade, índia de cor morena, corpo delineado, os cabelos que emolduravam a face bronzeada e pintada,  coberta por uma longa franja escura, como prolongamento os negros cabelos cobriam os ombros, descendo até o busto firme e adornavam o corpo nu da bela índia em forma de vestes.
         Os rituais da cultura tribal eram um místico ao culto, e aflorando a sexualidade das jovens, entre elas a índia mais bela da tribo embebida pelos rituais e danças, se apaixona por um dos belos índios da aldeia, o robusto índio Azulu, homem forte, corpo delineado por curvas marcadas, grande caçador e bravo guerreiro.
         Logo, a índia Ana, sem ter o seu amor correspondido, resguardava-se sem poder declarar seu sentimento, sofrendo a repreensão dos costumes e rituais indígenas. Diante do amor não correspondido a índia Ana foge da aldeia e embrenha-se na mata sem ser vista pelos pais, para o desespero de toda a aldeia.
        Ao notarem a ausência de Ana, toda a tribo assustada corre para o centro da aldeia. - Ana desapareceu, avisou um dos índios. Todos silenciam como que anestesiados pelo ocorrido.
        Desesperado e ansiosos para encontrar a desaparecida todos os indios da aldeia reuniram-se no interior da tribo se dividiram em pequenos grupos sobre as ordens do cacique Timbaú e seu pai o cacique Tamautauí e saíram à procura da índia Ana, e num desses grupos o índio Azulu liderava pela coragem, ser eximo caçador e conhecedor da mata.
         Enquanto isso a aldeia permanecia os trabalhos num ritual de cantos, danças no místico aos Deuses pedindo que fosse encontrada a índia Ana. Como que alucinados começaram a gritar pelo nome da índia.
       -Ana, Ana, Ana... Não houve nenhum sinal da presença de Ana. Repetiam em transe.
       - Ana, Ana, Ana... e o silêncio pairava.  Logo tem início o desespero.
      - Sumiu a índia Ana, diziam os índios menores, - sumiu a Ana.
      - Vamos procurá-la ao redor da aldeia, diziam as índias mulheres.
      - Não podemos ficar esperando - dizia o cacique Timbaú - temos de encontrá- la.
        Depois de muita procura ao longe apenas o gorjear das árvores e o cantar dos pássaros ecoavam como hinos melódicos aos ouvidos dos índios, e começaram a gritar, gritar pelo nome da índia Ana.
     - Ana, Ana, Ana...
      O silêncio paira no ar, nenhum sinal da índia.
     Abatidos de muito desespero e consumidos pela incerteza, o índio Azulu, homem destemido, bravo guerreiro, que tinha o costume de caçar e pescar embrenhou-se na mata adentro, na certeza de encontrá-la. Depois de muito andar, andar, gritar, ao longe numa clareira avistou um vulto, aproximando-se a encontrou a índia Ana, assustada, deitada na relva, como se estivesse desfalecida e enfraquecida. Já corria a notícia do sumiço da bela índia Ana. Azulu gritou:
        -Ana, Ana, Ana... - O silêncio pairou..
         Ana abriu os olhos assustada.
         Carregando-a nos seus braços fortes, como um troféu a conduz até a aldeia para o anúncio do achado e alegria de todos que aguardavam.
      - Eu vi, eu vi, chefe, eu encontrei Ana...
      - Todos o interrogaram: onde que você a encontrou?
      O índio respondeu.
      - Eu vi na mata.
      - Eu Vi Ana.
      – Eu Vi Ana.
         Embebidos de emoção e agradecidos todos reunidos no centro da aldeia, com corpos pintados entoaram num ritual de cantos, como que extasiados, dançavam em agradecimento a vida da índia ANA.

 

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos Fantásticos - Edição 2016" - Setembro de 2016