Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Só o amor salvará o mundo desta catástrofe global

       

Natal, tudo pronto, tudo arrumado. Data mais linda de 2019. A China festeja quase tudo de forma diferente. O ano novo por lá sempre começa bem depois… O povo gigante revela-se por meio de um tempo milenar. Há um desempenho desenfreado pelo unido capitalismo que manobra e contamina o mundo todo…
Cronicamente catastrófico é o que comem por lá. A culinária chinesa é muito rica e diversificada, mas comer morcegos, ratos e cães nos faz ter um determinado nojo desses estranhos pratos que ocidentalmente o mundo rejeita…
O mundo presenciou uma terrível Segunda Guerra Mundial. O nazismo e o fascismo cresceram e foram recebidos por milhões de habitantes da terra. Nasceu daí uma sangrenta guerra movida por um sentimento diabólico que segregava o diferente. Segregar, separar e, definitivamente, eliminar. O Holocausto é prova deste indecifrável horror “presenciado” pela humanidade…
A guerra sempre foi marcada por muitas mortes. O ódio separava irmãos de uma mesma nação. Muros foram criados, paradigmas erguidos, pessoas mutiladas, humanos discriminados por simplesmente pensar diferente, por simplesmente possuir gostos diferentes, por simplesmente possuir uma pele diferente, por simplesmente ser adepto de uma outra religião ou simplesmente em nada acreditar…
A guerra dos corpos no mundo. O mundo dos corpos em guerra. Os corpos em guerra no mundo… A ganância invade a alma de homens acorrentados em seus próprios interesses, movido por um desejo diabólico de ter, ter e ter…
O vento bate, o dólar dá sinais de que algo está prestes a acontecer. Os presidentes do belo mundo do sangrento capital mal distribuído expressam seus discursos. A Primeira-Ministra da Alemanha ensaia seu discurso e o mundo a aplaude. Outros demais presidentes são também aplaudidos por seus sensatos discursos, mas quando o presidente do Brasil abre a boca, o mundo nem acredita tratar-se da voz de um presidente, pois seu discurso despeja-se como esgoto podre, repleto de palavras desconexas e sem sentido, discurso que atira por caminhos tortuosos, repleto de “muros”, “becos” e muita “bosta apodrecida”. Deus meu! Deus meus! Que país é esse em que um homem discursa sem mesmo discursar, pois as formações ideológicas que estão por trás do texto dito “apodrecem” rapidamente porque são signos perdidos dito por uma boca cheia de verminosas palavras desamparadas de sentido…
De repente, o euro explode, o dólar se sacode e o brasileiro sente o cheiro de desespero no ar: de carona, o “corona” se alastra pelas ruas da China, e efemeramente, espalha-se por todo o continente… A morte anuncia sua passagem! O mundo entra em pânico! Salve-se quem puder! Tudo se dissolve. As universidades são fechadas, seguida de tantas outras escolas. O carnaval no Brasil abre as portas para a indesejável convidada que, desejosa por corpos caídos, lança seu jocoso sorriso atrás do trio elétrico…
Todos sabiam do risco, mas o mais importante era, naquele momento, fechar as portas da razão e dá ao povo o direito de gritar, pular, gastar o ar dos pulmões que em breve faltará a muitos… Destino. Silêncio. Retorno. Politicalha da maldição. Políticos que sabiam do risco que estavam passando, mas como diz o narrador desta crônica catastrófica: “Tem pai que é cego!”. E o pai da corrupção estava apenas contando o ganho da realização da festa que dá aos cofres públicos milhões de reais que, depois, sairão do contribuinte que pulando ou não o carnaval, deverá pagar a conta da trágica vontade dos chefões que mandam e desmandam, e continuam, mesmo depois da desgraça feita, heróis eleitos pela nação de pobres e defeituosos seres alienados…
Esta crônica é costurada por fragmentos interrompidos por um sinal que a gramática nos concede quando há muita coisa a dizer, mas é preferível que o leitor diga porque dói demais para este escrevente dar conta da leitura que ele faz deste mundo onde o melhor a fazer é fingir que nada sei, depois eu invento qualquer coisa e o povo acredita, pois o povo sempre nunca sabe, e quando sabe, repete o refrão que, por incrível que pareça, prova a insanidade de um povo que não consegue fazer a simples leitura do que está a acontecer ao seu redor. “Rouba mas faz!”. “Votarei naquele que estiver na frente das pesquisas!”, “Meu candidato promete-me, quando as eleições, ajudar-me!”, etc, etc.
Convidado a passear pelo mundo o ilustre convidado já abateu milhares de pessoas no mundo… As ruas esvaziaram… Os velhos que já não ocupavam mais as praças, agora, têm medo de serem a próxima vítima. Os jovens querem curtir e se depender deles as praias serão lotadas, pois eles acham que nada têm a perder, pois as pesquisas mostram que o ilustre convidado gosta de dialogar com velhos, idosos e doentes… Mal sabem que o ilustre convidado tem sede e fome, e a qualquer momento ele também devorará quem assim pensar, pois a hora agora é de se manter unido. A verdadeira lição que o Grande Mestre ensinou à humanidade anda fora de moda. Agora é a hora: ou se volta para Deus mudando seus costumes interpelados pela falta de amor ao próximo ou todos estaremos condenados a um único caminho: à quarentena da morte. Bem que José Saramago nos alertou em seu ensaio literário, “Ensaio de cegueira”! Bem que o bem-te-vi quando canta não engana ninguém. Sempre diz: “Bem-te-vi”.
Precisamos, urgentemente, rever nossos conceitos, ver o outro através de uma nova visão, daquele velho olhar que Cristo nos ensinou. A humanidade deixou de amar, deixou de aprender a ser, e no lugar deste “ser” deixou-se ser levada por “teres”, “teres” e “teres”… Espero, como cronista esperançoso e crítico, que a humanidade aprenda desta vez, pois nenhuma vacina será comparada ao legítimo antídoto que salvará o mundo deste maligno vírus capitalista: o amor.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Contos de Outono" - Edição 2020- Julho de 2020