Annulino Soares
Balneário Pinhal / RS

 

 

Premonição ou obra de Deus

 

 

         

               

O Sargento Herval da Polícia Militar, homem de responsabilidade, grande profissional,  justo e honesto, naquela noite de Verão , estava de serviço, doze horas, seu turno começava às  dezoito e trinta horas e terminava às seis e trinta horas, às vinte e três e trinta horas tinha troca de turno e o Sargento Herval deslocou da sua área de serviço até a base, o quartel, para passar as instruções para os guerreiros que entravam de serviço naquele turno e naquela noite o Sargento Herval estranhou a atitude de um de seus guerreiros, Soldado Patriota, sempre dava um boa noite sorrindo e dizia alguma coisa em tom de brincadeira, estava de fisionomia fechada, o Sargento Herval ficou observando o Soldado Patriota, quando apanhou seu armamento, revólver e, deslocou até o meio do pátio onde tinha um local para municiar as armas com segurança, uma caixa de areia chamada alvo neutro e observou que o Soldado Patriota municiou sua arma  somente com um cartucho, guardando as demais munições na baleira, na cintura. Naquela noite tinha de oito a dez postos de  serviço, o Sargento Herval ficou pensativo e até mesmo preocupado com a atitude do Soldado Patriota, após deixar os demais guerreiros nos postos de serviço retornou a base e de imediato deslocou até o posto de serviço do Soldado Patriota, por volta da meia noite, e ao seu lado caminhou perguntando se estava tudo bem com ele, mas sentiu que alguma coisa tinha no ar, o Sargento Herval passou a relatar o seu problema para o Soldado Patriota dizendo que estava com sua esposa no hospital, estava na UTI, seus dois filhos estavam com parentes, falou que após o serviço, pela manhã iria direto para o hospital e a tarde iria fazer um serviço extra e a noite retornaria para o hospital. O Soldado Patriota ao ouvir todo o relato do Sargento Herval , ficou muito impressionado e viu que seu problema era pouco comparado com o problema do Sargento Herval e começou relatar o que estava acontecendo com ele, dizendo que tinha brigado com sua esposa e ela foi embora levando o filho, pagava aluguel e não estava conseguindo pagar, estava com necessidade financeira e talvez por isso brigava com sua esposa e passou a confessar que naquela noite pretendia tirar a vida, fazendo roleta-russa e disse que iria apertar o gatilho até disparar contra a cabeça. O Soldado Patriota após ouvir o problema do Sargento Herval, viu que seu problema era só financeiro, que o problema do Sargento Herval era bem maior. Diante de tal momento psicológico, o Sargento Herval conduziu o Soldado Patriota até a base onde fez a entrega do armamento e Soldado Patriota foi para o alojamento descansar ou refletir. Após aquele dia, o Soldado Patriota reconquistou sua família, comprou um terreno, construiu sua casa e comprou seu carro. Seguidamente o Sargento Herval avistava o Soldado Patriota com sua família em uma das grandes Avenidas de Porto Alegre. Sargento Herval na aposentadoria foi morar longe e já faz algum tempo que não vê o Soldado Patriota. O Sargento Herval sempre dizia: “Somos instrumentos de Deus e Ele faz uso  desse instrumento até para salvar o outro”.

 

 

 
 
Publicado no Livro "Contos que copiam os sonhos" - Edição 2018 - Novembro de 2018