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João Antônio de Sousa Lira
Nova Iorque / MA

 

Uma madrugada chamada solidão

Na madrugada fria em que te esperei e que tu não vieste, acendo meu cigarro e em cada trago uma lembrança jogada ao vento... Lembranças do nosso amor partido e repartido em mil pedaços por culpa dos nossos corações orgulhosos. Neste momento como companhia tenho a chuva que cai, um copo de cachaça e um cigarro que se esvai levando embora toda a dor e esperança que um dia carreguei sobre nós, te quis por completo e nesta corda bamba não sou um equilibrista, sempre caio e machuco meus pés, minhas mãos, meu rosto e meu coração. Minha vida não pode se resumir a este rio de lágrimas que se forma a minha volta e embora esteja doendo tenho que seguir, tenho que seguir meu amor! Rumar outros voos é uma necessidade. Eu sei! É verdade! Já tive outros corpos, já me entreguei a outras almas, mas nunca por completo e esse fato é tão simples de entender é que “você é minha completude”, embora às vezes você não admitir sei que sentias o mesmo. A vida nos surpreende e confesso que amava ter que acordar na madruga para abrir a porta e deixar você entrar e depois nos amávamos e o sol nascia e ficávamos despidos tocando um ao outro... Não posso mais te visitar nem poder conversar com você sobres musicas e canções, poemas e contos, rimas e risadas, mas o mundo por traz do teu olhar eu desvendei. No entanto não poderei mais olhar nos teus olhos e as cinzas do cigarro que se misturam com a chuva de meus olhos. É aqui que a vida se (des)faz, neste cantinho de lágrimas em que se é possível ouvir tua voz, seu toque... Eu vim ao teu encontro e deixei a porta aberta e você não apareceu. O presente que tinha comprado ainda este guardado no meu guarda roupa, mas como a fênix tenho que renascer das cinzas para amar novamente e embora eu esteja chorando estou seguindo em frente, ou estou pelo menos tentando seguir sem você. Se te amo? Sim, te amo eternamente. E das cinzas desse amor não estou pronto para amar outro alguém. Não quero continuar recheando pastéis de vento...
Um pouco sobre nós. Era segunda noite de carnaval de um ano qualquer e os foliões pulavam pra lá e para cá. Poderia ser uma noite de carnaval como qualquer outra, mas aí você surgiu na minha frente e fiquei te olhando e sendo correspondido pelo teu olhar, assim foi nosso primeiro contato, se foi amor a primeira vista? Não sei! Mas foi algo inexplicável, só tinha sentido esta sensação uma única vez na minha vida e agora lá estava eu sentido minhas pernas tremerem, minhas mãos suando e você não parava de me olhar, como eu sabia disso? É que eu também não parava de olhar no fundo dos teus olhos e aos poucos fomo-nos aproximando até que você esbarrou em mim e perguntou meu nome, pagou logo umas cervejas e aceitei beber com você, entre um vai e vem de conversas te disse que morava em Nova Iorque - MA e logo você se interessou e disse que tinha vontade de conhecer a cidade americana no maranhão, no interior do nordeste, então lhe fiz o convite para conhecer a cidade, lógico se você me conquistasse, mas na verdade quando olhei no fundo dos teus olhos desvendei todos os segredos da tua alma e já me ganhará com um sorriso, assim é você, e prefiro escrever desta forma porque sinto você aqui pertinho de mim neste exato momento. Então fomo-nos conhecendo e o que foi um encontro de carnaval se tornou amor de carnaval e fomos felizes... Eu sei tive meus erros e você sabe e compreende os motivos, mas isso não importa agora, o importante é que assim como um beija-flor voa em direção a flor você voou em direção a DEUS e essa chaga aberta no meu peito chama-se amor, porque vou te amar por toda a eternidade porque sei que onde você estiver vai está olhando para mim, me protegendo e sorrindo assim como naquele dia de carnaval. Não insisto mais nessa bobagem de ser feliz, porque fui feliz ao teu lado... Meus pastéis são recheados de saudades e amor porque encontrei o paladar que decifra o sabor do cheiro, que entende que não dá pra explicar e que partiu dizendo Adeus com um beijo e um abraço que esta gravado na minha alma. Porque simplesmente te amo.
Não vestirei preto de saudade, vestirei amarelo da felicidade que emanava de teu sorriso, vestirei o azul da tranquilidade quando te ligava chorando precisando de alguém pra conversar, vestirei verde da esperança que estás em um lugar melhor. Meu amigo, meu amor, meu "amigo-amor" acredite alguns dos melhores momentos que passei na minha vida foi ao teu lado... As palavras me fogem, mas as memórias continuam intactas assim como na primeira vez que nos conhecemos... Essa saudade que estou sentindo tem nome, lugar no tempo, e principalmente lugar em mim, essa saudade é feita de um punhado de sorrisos floridos no jardim da memória. Chamo de "saudade", essa sensação de vazio, de vazio que um dia foi cheio. A vida é sempre um labirinto e em cada esquina perigosa sempre arruma maneiras para aproximar as almas irmãs, esses anjos vestidos de gente que tornam mais fácil e mais feliz a vida, mas às vezes esses anjos vão-se embora, partem, morrem, e só nos resta as lembranças saudosas, os sorrisos sinceros, as noites de longas conversas, os momentos de silêncio respeitado, os banhos de chuva, as brigas bobas, o olhar carinhoso, o toque macio que acalma, o abraço que projete, a vida se (des)faz. Saudade é esse mar estranho que parece tocar o céu, é o pássaro que canta singelo todas as manhãs quando acordo, e me lembro do quão gostávamos de ouvi-los ao amanhecer. Saudade é essa sensação de vazio, que às vezes se torna cheia quando uma noite como esta me faz sentir seu cheiro, seu toque... E mesmo que por um instante, sabendo que não é real, te sinto vivo. Carrego nas minhas lembranças o que conseguir salvar de nós.

(in memoriam de Berg Castro)


   
Publicado no livro "Seleção de Contos Premiados" - Edição Especial - Junho de 2014