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José Luiz da Luz
Pato Branco / PR

 

A Princesa de São Brás

Havia na região chamada São Brás, uma jovem de beleza sobrenatural. Tão linda que muitos diziam que seu rosto era frequentemente retocado pelas mãos dos anjos, outros juravam que já a viram conversando com as fadas. Parente muito distante de uma poderosa rainha do velho mundo, sua beleza superava a de todas as rainhas e princesas. Era chamada de Princesa de São Brás.
Despertava profunda fascinação entre muitos cavalheiros, porém poucos se julgavam aptos a conquistar aquele coração divinal. Alguns planejaram juntar fortunas imensas, outros profundos conhecimentos, para só depois conquistá-la.
Por fim, apenas três pretendentes se julgaram aptos a conquistá-la.
O primeiro cavalheiro herdou uma grande fortuna dos pais, cheio de joias de ouro e pedras preciosas para impressioná-la, bateu à porta.
- Quem és? - a jovem perguntou.
- Sou a riqueza - o primeiro respondeu.
- O que tens? - a jovem perguntou.
E o cavalheiro ficou longo tempo descrevendo as riquezas materiais que possuía.
Mas a porta continuou fechada, logo se ouviu a voz dela:
- Tu és muito pobre, quero um mais rico.
Então o cavalheiro fugiu para o mato, na solidão jejuou e orou pedindo a Deus mais ouro e pedras preciosas.
Passado algum tempo, o segundo cavalheiro chegou com uma mala cheia de diplomas, e demonstrando pompas para impressioná-la, bateu à porta.
- Quem és? - a jovem perguntou.
- Sou discípulo da sabedoria, sei quase tudo- o segundo respondeu solenemente.
- O que tens? - a jovem perguntou.
E o cavalheiro leu seu extenso currículo, mostrando que tinha muitos títulos, diplomas e grandes conhecimentos, desde filosofia a muitas outras ciências. Mas a porta também continuou fechada para o segundo. Em seguida se ouviu a voz dela:
- Tu és muito ignorante, quero um mais sábio.
Então o cavalheiro voltou para as universidades tentando descobrir o que lhe faltava, qual curso faria...
O terceiro cavalheiro era o mais humilde de todos. Não tinha riquezas materiais nem diplomas, herdou apenas o amor e a educação dos pais, portanto, era o único que aos olhos do mundo não tinha absolutamente nenhuma chance.
Cheio de humildade, com a voz trêmula, levando apenas algumas rosas colhidas do próprio jardim, bateu à porta.
- Quem és? - a jovem perguntou.
- Ninguém - respondeu baixinho - mas, se me amares nós dois seremos um.
- O que tens? - a jovem perguntou.
- Um coração.
E a porta lhe foi aberta.

   
Publicado no livro "Seleção de Contos Premiados" - Edição Especial - Junho de 2014