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Mamede Gilford de Meneses
Itapipoca / CE

 

Vertente da Jovem Guarda

Um grupo de estudantes secudaristas da Escola Normal Rural Joaquim Magalhães de Itapipoca-Ceará, influenciado pelo movimento jovemguardiano encabeçado por Roberto e Erasmo Carlos instalou o programa "Jovem-Guarda-Show", coordenado por José Milson e Amaury Benevides. Este, vocacionado a compor e cantar, convidou as jovens: Raimundinha Sousa, Grácia Bastos, Reni Farias, Televa, Heloisa Pelúcio, Ana Maria Portela, Meire Mesquita, Mirtes Teixeira, Edmilson do Deserto - membro da banda "Os Milionários...", etc., e juntos formaram a Companhia... para alegrar as noites dos sábados sessentinos nos salões do Clube Social Imperatriz, Círculo de Trabalhadores Cristãos de Itapipoca...
A publicidade dos espetáculos ficava por conta do senhor Manoel Alves de Freitas, conhecido pela alcunha de "Cafita", que carinhosamente se solidarizava com os novos artistas, e por meio de sua potente Irradiadora anunciava-os assim: "Atenção, muito atenção povo de Itapipoca, a turma do programa 'Jovem-Guarda-Show' tem a subida honra de lhe convidar para assistir o grande Show que acontecerá no Clube Social Imperatriz, hoje a partir das dezenove horas, e tem como atração maiúscula a presença de Amaury Benevides, 'O Bom'; à interpretar canções de sua autoria e recentes sucessos de Roberto e Erasmo Carlos, Eduardo Araújo, Demétrios e Outros. Vamos vê-lo, ouvi-lo e aplaudi-lo".
Na abertura, José Milson e Raimundinha cumprimentavam o público ao som do musical de "É Programa no Ar", cantado pelo coral das mocinhas: Televa, Heloisa e Outras, maestrado por Edmilson e banda, e na sequência listava as atrações dessa forma: "Querido auditório, para edição de hoje, primeiro sábado de mil novecentos e sessenta e seis, dispomos de grandes novidades do mundo artístico brasileiro, a serem revelados pelos 'Pratas de Casa', porque você os merece. Tá uma brasa mora! E como se não bastasse a impecável apresentação de 'O Bom', mostrando sua mais nova compusição 'Valéria', para arrebatar os corações apaixonados".
Naquele momento o auditório se estremecia de emoções emanadas da vibração dos assíduos fãs, que ininterruptamente gritavam: "É isso aí bicho, queremos 'O Bom'"!
Os artistas recebiam calorosos aplausos por cada página interpretada, e os viam como estímulo à continuidade da árdua caminhada rumo ao sucesso, que para tal cobrava: talento, ousadia, disposição, dedicação e amor.
O tradicional cachê, praticamente não existia. A renda dos Shows cobria precariamente as despesas de montagem. Por vezes a turma se valia de promoções extraordinárias, a garantir recurso para cobertura de eventual prejuizo, pois cada contrato a comprometia moralmente e financeiramente.
Na proporção que o tempo avançava o prestígio da garotada crescia; face aos convites para shows, recebidos das cidades vizinhas: Uruburetama, Itapajé, São Luiz do Curú, Pentecoste, etc.
Foi aí que aterrissou na área Rosimi Teixeira, provindo da capital Alencarina, e juntamente com os amigos: Gilford Meneses, Jeová Mota, José Rodrigues e Caubi Silva formaram a banda "Os Metralhas", cujos ensaios de aprendizagem musical se davam nos fundos da lanchonete "João Merendinha", localizada na Galeria Edmilson Carvalho.
Para não fugir da regra, seus shows aconteciam nas agremiações sociais já descritas.
Peculiaridades da banda:
Nome: Os Metralhas.
Traje: Blusão amarelo jerimum, Calça escura e Sapato esporte.
Componentes: Rosimi Teixeira - Bateria;
Gilford Meneses - Guitarra solo;
José Rodrigues - Guitarra base;
Jeová Mota e Caubi Silva - Vocal.
Repertório: Músicas da Jovem Guarda.
Sem sombra de dúvida os meninos em pauta ampliaram as laudas que gravaram a história da música popular brasileira, cujo relógio do tempo levou; porém deixou nos corações dos sessentões a doce lembrança dos ingênuos romances alheios ao compromisso conjugal, estupidamente criticados pela Candinha do Rei da Jovem Guarda, como se constata nos versos: A Candinha vive
A falar de mim em tudo:
Diz que eu sou louco,
Esquizito e cabeludo,
E que não ligo para nada...
Uma curiosidade: Seus trajes causavam ojeriza aos pais, que ao flagrarem paramentados apelidava-os de "Playboys", que significa homem jovem, geralmente rico ou desocupado, dedicado a uma vida social intensa, ao convívio de belas mulheres, aos esportes, etc.
Como diz o ditado: Se ver cara, mas não se ver coração. Aqueles jovens tão discriminados... tornaram-se profissionais em atividades diversificadas, ao exemplo de: Prof. Amaury Benevides, Dr. José Milson,
Profa. Raimundinha Sousa, Profa. Grácia Bastos, Prof. José Rodrigues, Dra. Reni Farias, Profa. Televa, Profa. Meire Mesquita, Profa. Heloisa Pelúcio, Profa. Mirtes Teixeira, Empresário e Músico Jeová Mota, Comerciante Caubi Silva, Funcionário público e Músico Edmilson do Deserto, Músico Rosimi Teixeira, Dr. Gilford Meneses.
Dos remanecentes acima registra-se o resumo de um instante de papo acerca do consumo de drogas... Meio prosa Amaury Benevides declarou-me: "Essa tal de droga não tinha espaço em nosso meio social, em vez dela, ingeríamos leves doses de bebidas... nos ambientes credenciados pela legislação em vigor; porque constantemente estávamos sob a ótica dos fiscais da Constituição Federal de nossa Pátria, e de nossos genitores. Cumpríamos a riscos suas normas, mui especial a prestação de contas de nossa vida escolar.
Guardo na minha memória boa parte dos episódios que marcaram o salutar movimento, refletido das boas ações dos ídolos Roberto e Erasmo Carlos, os legítimos embaixadores da música popular brasileira..., interpretada a inibir as sequelas geradas da revolução de mil novecentos e sessenta e quatro.
Perdemos irmãos naquela luta, e nosso País continua enquadrado ao mundo das Nações carentes..."
Dizem que recordar passado é expor-se ao sofrimento em duplicidade. Essa afirmação é injusta, basta comparar-se a postura social do jovem da atualidade com a do pretérito. Sem asseveração, conclui-se que a mocidade dos anos doirados respeitava o ordenamento jurídico da Carta Magna; pois não se via proliferação de prostituição.
Com ou sem ditadur,a os genitores de então mantinham invejável conduta sobre os filhos.
Por último, outorgo Menção Honrosa aos que se transferiram à morada do Criador dos universos.



   
Publicado no livro "Seleção de Contos Premiados" - Edição Especial - Junho de 2014